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New Steel, da Vale, prevê iniciar operação de 1ª planta industrial em 2022

05 fev 2020, 19:28 - atualizado em 05 fev 2020, 19:28
Vale
Com investimentos de até 100 milhões de dólares, a capacidade da planta de concentração magnética a seco de minérios de baixo teor de ferro será de 1,5 milhão de toneladas por ano (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Com uma tecnologia pioneira de beneficiamento de minério de ferro a seco, a New Steel –empresa 100% controlada pela Vale (VALE3) planeja colocar sua primeira planta industrial em operação em 2022, como parte importante de um plano da gigante mineradora para reduzir a produção de rejeitos.

Com investimentos de até 100 milhões de dólares, a capacidade da planta de concentração magnética a seco de minérios de baixo teor de ferro será de 1,5 milhão de toneladas por ano, disse à Reuters o presidente da New Steel, Ivan Montenegro, em uma conversa por telefone.

O local exato da unidade, cuja capacidade projetada ainda não se compara às centenas de milhões de toneladas de minério de ferro que Vale pode produzir anualmente, não está definido.

Mas o projeto, que poderá ajudar a Vale a atingir sua meta de ter 1% da produção com o uso da tecnologia da New Steel em 2024, deverá ser instalado em Minas Gerais, histórica região produtora de minério de ferro do Brasil.

No Estado, palco de dois desastres com barragens de rejeitos de mineração, em unidades que usam concentração a úmido, há muitos ativos em declínio e minas com teor médio de 40% de ferro, que demandam técnicas para a extração de valor.

“As reservas de Minas Gerais já estão em uma fase com poucos depósitos que têm ainda condições de serem processados sem a necessidade de concentração”, disse Montenegro, em entrevista por telefone.

“A maior parte (em MG), não só da Vale mas também de outras empresas, vai chegar em um momento em que só vai ter minério pobre e que precisa ser concentrado, seja a seco ou a úmido.”

A Vale comprou a New Steel em dezembro de 2018, após a pequena companhia ter desenvolvido um método único de beneficiamento de minério de ferro, que já tem patente reconhecida em 59 países, ressaltou o executivo.

“Esse é um primeiro projeto para consolidar a tecnologia”, frisou Montenegro.

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A unidade será capaz de concentrar 30 toneladas por hora de minério a seco, utilizando a tecnologia de separação magnética, (Imagem: Unsplash/@dominik_photography)

Estratégia

A aquisição da New Steel ocorreu um mês antes do rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) e é atualmente parte de um conjunto de estratégias da mineradora para reduzir a produção de rejeitos.

O tema de redução do uso de barragens já tinha ganhado relevância internacional poucos anos antes, com o rompimento de uma das barragens da Samarco –uma joint venture da Vale com a anglo-australiana BHP— em Mariana (MG) em 2015.

A New Steel deve fechar 2020 com 110 funcionários, contra 80 no fim de 2019 e 60 antes de ser comprada pela Vale.

Montenegro frisou que, com a ajuda da New Steel, a Vale prevê elevar o percentual da produção beneficiada a seco ou a umidade natural de 60% para 70% até 2024.

Do percentual restante, que será processado a úmido, mais da metade terá rejeitos filtrados e empilhados a seco e apenas 14% serão destinados para barragens ou cavas de minas desativadas, como é feito hoje com 40% da produção.

No curto prazo, Montenegro explicou que a New Steel também colocará em funcionamento, no segundo trimestre deste ano, uma planta-piloto em Nova Lima (MG), com aporte de cerca de 3 milhões de dólares.

A unidade será capaz de concentrar 30 toneladas por hora de minério a seco, utilizando a tecnologia de separação magnética, feita por meio de imãs de terras raras.

Pelo processo, a New Steel consegue entregar um concentrado de até 68% de teor de ferro, a partir de minérios pobres, com até 40% de ferro, dependendo de sua composição química e mineralógica.