Netflix reorganiza grupo de filmes para reduzir produções
A Netflix decidiu reestruturar seu grupo de filmes com o objetivo de reduzir as produções anuais e centralizar a tomada de decisões, informou a empresa na quinta-feira.
A Netflix vai combinar as unidades que produzem filmes de pequeno e médio porte, uma mudança que resultará em algumas demissões e na saída de dois de seus executivos mais experientes. Lisa Nishimura, que liderou a Netflix em comédias stand-up e documentários originais, deixa o cargo após mais de 15 anos na empresa. Nishimura atualmente é responsável por documentários e filmes de baixo orçamento.
Ian Bricke, vice-presidente do grupo de filmes, também deixa a companhia depois de mais de uma década. Bricke ajudou a montar a franquia de filmes The Kissing Booth e trabalhou com cineastas como Nicole Holofcener e os irmãos Duplass.
O chefe da unidade de filmes, Scott Stuber, tenta reduzir as produções da empresa para garantir que mais títulos sejam de alta qualidade. O serviço de streaming lançou mais filmes originais do que qualquer outra empresa em Hollywood recentemente, produzindo mais de 50 projetos por ano.
Alguns deles ganham o Oscar, como “Nada de Novo no Front”, premiado como o melhor filme internacional este ano, ou são vistos por dezenas de milhões de pessoas, como “Glass Onion: Um Mistério Knives Out”. Mas muitos deles vêm e vão com pouco alarde.
A Netflix aumentou a produção, em parte, porque sabia que outros estúdios parariam de licenciar tantos títulos para focar em seus próprios serviços de streaming.
A empresa reforçou as contratações para expandir a produção, criando várias divisões responsáveis por filmes em diferentes faixas de preço. O grupo de filmes independentes trabalha com um orçamento menor (normalmente US$ 30 milhões ou menos), enquanto outra divisão tem produções na faixa de orçamento médio (entre cerca de US$ 30 milhões e US$ 80 milhões). Outra unidade produz filmes de maior orçamento.
Essas diferentes divisões operavam com relativa autonomia, de acordo com a cultura da Netflix de tomada de decisão descentralizada. Executivos geralmente tinham o poder de produzir um filme sem consultar seus superiores. Stuber agora vai centralizar mais decisões e com maior colaboração de seus executivos.
“Agradecemos a ambos por suas contribuições para nos tornar um estúdio de cinema de classe mundial e desejamos a eles o melhor para o futuro”, disse Stuber sobre a saída dos dois executivos. Ele elogiou Nishimura “como uma defensora da inclusão dentro e fora da tela”, observando que a executiva entrou na Netflix quando ainda era basicamente um serviço de DVD por correio. Stuber também agradeceu a Bricke por seu trabalho em uma iniciativa emergente de cineastas.
Os cortes de empregos são muito menores em escala do que as demissões que a Netflix realizou há um ano. A empresa, que fechou 2022 com cerca de 12.800 funcionários, eliminou centenas de cargos no ano passado em um esforço para reduzir custos depois que o crescimento da base de assinantes se desacelerou.
As demissões na Netflix pressagiaram um ano de cortes de empregos em muitos concorrentes no cinema e na TV, que diminuíram custos em resposta à perda de telespectadores tradicionais e à pressão dos investidores para melhorar a rentabilidade do streaming. A Walt Disney iniciou o processo para eliminar 7 mil empregos esta semana.
Como encontrar novos clientes se tornou mais desafiador, a Netflix introduziu um plano de streaming de preço mais baixo com publicidade para aumentar a receita e atrair espectadores preocupados com o orçamento. A empresa fechou 2022 com quase 231 milhões de clientes pagantes. Também está lançando um programa para obrigar usuários que usam a conta da Netflix de outra pessoa a pagar pelo serviço.
A empresa deve divulgar os resultados do primeiro trimestre em 18 de abril.