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Netflix (NFLX): excelente, boa e má notícia fazem o balanço do 1T23; vale a pena colocar dinheiro no streaming?

19 abr 2023, 14:31 - atualizado em 19 abr 2023, 14:31
Netflix streaming
Netflix reportou os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023 Imagem: Rafael Borges/ Money Times)

Netflix (NFLX;NFLX34) divulgou na noite da terça-feira (18) os números referentes ao primeiro trimestre de 2023. Os resultados trazem boas e más notícias.

Aliás, esse impasse se refletiu no comportamento das ações da empresa no after market ontem, quando o papel chegou a afundar mais de 10%. Porém, o movimento foi quase todo revertido depois. Já no pregão regular hoje, Netflix opera em queda de 4,00%, aos US$ 320,25 por ação.

De acordo com Richard Camargo, analista da Empiricus Research, os números gerais apresentados pela companhia vieram em linha com a expectativa do mercado, com uma grata surpresa pelo lado da geração de caixa e o controle de gastos.

Por outro lado, a guerra da Netflix contra o compartilhamento de senhas, além do novo pacote de assinaturas com anúncios, responde pela desaceleração no número de novos usuários. Trata-se de uma métrica valiosa para os investidores do setor do entretenimento. E é exatamente isso que explica a queda da ação hoje.

Pensando nessa dicotomia de forças, vale destacar três histórias que os números da Netflix contam para o investidor.

A excelente notícia: caixa livre disparou 260%

A Netflix teve uma receita de US$ 8,16 bilhões, crescendo 3,7% na comparação anual. A quantidade de usuários ativos, que somou 232,5 milhões, representou um crescimento de 4,9% na comparação anual. 

Mas o que chamou a atenção foi o fato de que a companhia conseguiu apresentar um caixa livre de US$ 2,1 bilhões, um salto de 263% frente ao mesmo trimestre do ano passado.

“O grande fator que explica o salto na geração de caixa foram os gastos menores com conteúdo: no 1T23 a Netflix gastou US$ 2,45 bilhões em conteúdo, contra US$ 3,5 bilhões no ano passado”, explica Camargo. 

Para o analista, a redução nos gastos está em linha com a história que a empresa conta ao mercado, de estabilizar seus investimentos num patamar de manutenção (basicamente recompor a amortização) e passar a gerar mais caixa.

O aumento do caixa livre pode ter repercussões promissoras para os investidores. A primeira é que a Netflix parece ter se desvencilhado da pecha de “queimadora de caixa”, buscando um novo equilíbrio mais sustentável entre rentabilidade e investimento.

A segunda é que a margem criada pela empresa poderá ser usada para ampliar o potencial de retornos para os investidores através de programas de recompra de ação, ou pagamento de dividendos.

Tendo sido pressionada boa parte da sua história por custos operacionais altos, a distribuição de lucros aos acionistas ainda não é vislumbrado como possibilidade para a companhia de streaming. No entanto, a consistência no crescimento de caixa livre pode mudar o jogo.

A boa notícia: exibição com anúncios não assustou

Os números apresentados pela companhia no primeiro trimestre desde a implantação das assinaturas com anúncios mostram que o faturamento obtido pela nova categoria se equipara àquele do obtido por clientes que não pagam pelo pacote com anúncios.

A medida vinha sendo tratada com alguma apreensão pelos mercados, uma vez que se destinava a menor faixa de preço entre as assinaturas e, portanto, a de maior adesão do público.

Dessa forma, analistas esperam que o bom resultado do programa seja traduzida em maior expansão de clientes dentro do categoria, evitando um efeito de diluição da receita média para cada assinatura.

A má notícia: ‘guerra’ contra compartilhamento de assinaturas e a desaceleração de novos usuários

Apesar de ter estar fazendo a lição de casa para a proteção do caixa, o emprego de medidas ‘impopulares’ gerou uma desaceleração importante no número de novos assinantes na base da Netflix.

Segundo Camargo, “os 1,75 milhões de novos usuários que se juntaram ao streaming no 1T23 representam uma reversão à média e uma notável desaceleração em relação ao último trimestre, onde a empresa havia adicionado 7,6 milhões de novos clientes.”

A expectativa base do mercado era que a Netflix conseguisse adicionar ao menos 2 milhões de novos clientes. O número abaixo do esperado ajuda a explicar o desempenho cambaleante da ação nesta terça-feira.

A explicação para o resultado é uma só: a campanha de repressão que a Netflix vem tocando contra o compartilhamento de senhas.

Implementado no Canadá e em alguns países europeus, a Netflix vem exigindo que seus clientes definam uma localização primária para suas contas; outros usuários que estejam cadastrados no mesmo perfil, porém em localizações diferentes, terão de pagar uma tarifa adicional ao valor da subscrição.

“Com essa medida, a Netflix espera reduzir um pouco da ‘pirataria’ que ainda existe na plataforma”, complementa Camargo. Pelas estimativas da empresa, cerca de 43% de seus mais de 230 milhões de clientes compartilham contas com outras pessoas que deveriam estar pagando suas próprias assinaturas.

Como era de se esperar, o controle mais rígido de acessos tem gerado uma resposta negativa do público, com aumento dos cancelamentos de conta.  O analista da Empiricus ressalva, no entanto, que esse é um efeito de curto-prazo: depois de alguns meses, o usuário que cancelou a conta volta a pagar pela assinatura.

O que deixa o mercado impaciente nessa história é a velocidade de implementação da estratégia. Até agora, nem mesmo os EUA, que respondem ao principal mercado do streaming, passaram a adotar o novo modelo.

Apesar da demora, a companhia prometeu que irá acelerar o ritmo em todas as geografias, incluindo também o Brasil. As datas específicas para vigência da nova política não foram disponibilizadas pela companhia.

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