Internacional

Nenhuma recessão nos EUA é necessária para derrotar inflação alta, diz Daly, do Fed

29 set 2022, 18:57 - atualizado em 29 set 2022, 18:57
Mary Daly
Ainda assim, afirmou Daly, o Fed não pode tomar como garantidas as expectativas de inflação bem ancoradas (Imagem: Reuters/Ann Saphir)

O Federal Reserve precisa desacelerar a economia dos Estados Unidos e afrouxar o apertado mercado de trabalho para reduzir a inflação corrosivamente alta, disse nesta quinta-feira a chefe do Fed de San Francisco, Mary Daly, mas não precisa desencadear uma recessão para tal.

“Navegar a economia em direção a um caminho mais sustentável exige juros mais altos e uma redução no ritmo da atividade econômica e do mercado de trabalho”, afirmou Daly em comentários preparados para a Boise State University, em Idaho.

Essa visão também foi expressa na semana passada pelo chair do Fed, Jerome Powell, e vários formuladores de política monetária do banco central desde então. “Mas, por enquanto, induzir uma recessão profunda não parece justificável pelas condições, nem é necessário para atingir nossos objetivos.”

Isso porque, disse ela, famílias e empresas até agora não construíram expectativa de preços cada vez mais altos em seu racional, ao contrário de 40 anos atrás, quando a inflação subiu por uma década antes que o Fed tomasse uma ação decisiva.

Ainda assim, afirmou Daly, o Fed não pode tomar como garantidas as expectativas de inflação bem ancoradas, alertando que, quanto mais o avanço dos preços permanecer elevado, maior a probabilidade de minar a confiança dos norte-americanos na capacidade do banco central de derrubá-la.

Isso poderia forçar o Fed a tomar o tipo de ação dramática que fez na década de 1980 como subir a taxa básica para dois dígitos e mergulhar a economia em uma queda livre.

Os riscos contra uma aterrissagem suave para a economia são “incontáveis”, disse Daly, e incluem batalhas em andamento contra a Covid, a guerra na Ucrânia, uma recessão à frente para a Europa e o aperto monetário por parte de bancos centrais globais.

Esses riscos, juntamente com problemas persistentes na cadeia de suprimentos, gastos “robustos” do consumidor e um mercado de trabalho forte e marcado por um desemprego baixo de 3,7%, “estreitam o caminho para um pouso suave”, afirmou ela, “Mas eles não o fecham”.

O Fed, disse ela, precisará prestar muita atenção aos dados econômicos para que não faça além ou aquém do bastante. “A história nos diz que os custos dos erros são altos”, afirmou.

MONEY TIMES NAS ELEIÇÕES 2022!

Assista à série especial com as propostas para a economia dos candidatos à Presidência da República! Siga o Money Times no Facebook!

reuters@moneytimes.com.br