Nenhuma recessão nos EUA é necessária para derrotar inflação alta, diz Daly, do Fed
O Federal Reserve precisa desacelerar a economia dos Estados Unidos e afrouxar o apertado mercado de trabalho para reduzir a inflação corrosivamente alta, disse nesta quinta-feira a chefe do Fed de San Francisco, Mary Daly, mas não precisa desencadear uma recessão para tal.
“Navegar a economia em direção a um caminho mais sustentável exige juros mais altos e uma redução no ritmo da atividade econômica e do mercado de trabalho”, afirmou Daly em comentários preparados para a Boise State University, em Idaho.
Essa visão também foi expressa na semana passada pelo chair do Fed, Jerome Powell, e vários formuladores de política monetária do banco central desde então. “Mas, por enquanto, induzir uma recessão profunda não parece justificável pelas condições, nem é necessário para atingir nossos objetivos.”
Isso porque, disse ela, famílias e empresas até agora não construíram expectativa de preços cada vez mais altos em seu racional, ao contrário de 40 anos atrás, quando a inflação subiu por uma década antes que o Fed tomasse uma ação decisiva.
Ainda assim, afirmou Daly, o Fed não pode tomar como garantidas as expectativas de inflação bem ancoradas, alertando que, quanto mais o avanço dos preços permanecer elevado, maior a probabilidade de minar a confiança dos norte-americanos na capacidade do banco central de derrubá-la.
Isso poderia forçar o Fed a tomar o tipo de ação dramática que fez na década de 1980 como subir a taxa básica para dois dígitos e mergulhar a economia em uma queda livre.
Os riscos contra uma aterrissagem suave para a economia são “incontáveis”, disse Daly, e incluem batalhas em andamento contra a Covid, a guerra na Ucrânia, uma recessão à frente para a Europa e o aperto monetário por parte de bancos centrais globais.
Esses riscos, juntamente com problemas persistentes na cadeia de suprimentos, gastos “robustos” do consumidor e um mercado de trabalho forte e marcado por um desemprego baixo de 3,7%, “estreitam o caminho para um pouso suave”, afirmou ela, “Mas eles não o fecham”.
O Fed, disse ela, precisará prestar muita atenção aos dados econômicos para que não faça além ou aquém do bastante. “A história nos diz que os custos dos erros são altos”, afirmou.
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