Nem Selic em alta derruba o dólar; vale a pena investir na moeda?
Nem mesmo a perspectiva de alta da taxa básica de juros tem feito o dólar cair. Desde julho a moeda americana é cotada acima de R$ 5,00.
A divisa cedia 0,6% nesta terça-feira (7), mas ainda a R$ 5,65, no penúltimo pregão antes do anúncio do BC que deve confirmar mais uma elevação da Selic, a 9,25%.
Juros mais altos em um determinado país tendem a elevar a atratividade de sua moeda, uma vez que aumentam a rentabilidade de se investir no mercado de renda fixa local.
Mas desta vez, além do fator risco fiscal local, o Brasil está “competindo” com o aperto monetário dos Estados Unidos, lembra o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice.
O executivo destaca que que o aumento de 1,5 ponto percentual da Selic “já estava na conta de todo mundo” e lembra que dezembro é historicamente frágil para o real.
“Há muita remessa no mês, muita empresa mandando dinheiro para fora”, diz Orefice. “Tanto é que o BC adiantou leilão [de dólar]: a autoridade monetária sabe que tem um movimento forte de compra”.
O diretor de investimentos diz não ver alívio para a moeda no curto prazo. “É razoável ver o dólar cotado a pelo menos R$ 5,30”, diz, destacando que não vê o real ainda mais desvalorizado, visto que o câmbio já está “bastante depreciado”.
O mercado financeiro espera que o dólar termine 2022 a R$ 5,55, segundo edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central.
O que fazer
Orefice reitera uma visão comum no mercado de que é preciso adotar alguma exposição cambial, como uma proteção contra incertezas fiscais do Brasil, e fala em ter um pelo menos 30% da carteira ligada ao dólar.
Para o executivo, os fundos cambiais são a forma “mais democrática” de se investir em dólar. Ele aponta ainda que fundos que investem em ações no exterior também são uma opção de exposição.
Ele pondera que o investidor que pode enviar dinheiro para o exterior para montar uma carteira têm um leque mais amplo de ativos, mas lista três fundos em que a gestora tem posição.
- Pimco Income sem hedge para o real, da tradicional gestora com foco em renda fixa;
- Fundos da Geo Capital, cujo principal produto é o Geo Global Equities, que aplica em ações no exterior;
- Fundos do JP Morgan, entre eles o Global Income, que investe em ativos de renda fixa, ativos conversíveis e ações (apenas para investidores institucionais).