Nem direita nem esquerda trazem eleitor decisivo à rua, diz Dino
Manifestações quase vazias organizadas pela direita e pela esquerda em todo o Brasil no último final de semana para marcar o dia do Trabalhador mostraram que nenhum dos dois lados está conseguindo engajar os eleitores decisivos, de acordo com Flavio Dino, um dos coordenadores de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Dino, os brasileiros estão cansados após anos de polarização.
A maneira de atrair esses eleitores e ganhar não é mergulhando em temas controversos, diz ele, mas por meio de um programa de governo moderado que se concentre no que realmente está prejudicando a população: inflação, desemprego e altos preços dos combustíveis.
“Há uma espécie de cansaço cívico na sociedade. Vivemos um período de intensas mobilizações e disputas políticas há uma década”, disse Dino durante entrevista por vídeo. “As pessoas que decidirão não estão nas ruas desta vez.”
Lula, no entanto, ainda não seguiu a estratégia de Dino. Nas últimas semanas, o ex-presidente disse que o aborto deveria ser legalizado, irritando evangélicos e católicos.
No fim de semana, enfrentou uma nova reação após dizer que o presidente Jair Bolsonaro, não se importa com as pessoas, apenas com os policiais. Ele voltou atrás em ambas as falas após uma saraivada de críticas.
Dino, que deixou o governo do Maranhão para concorrer ao Senado e ajudar na campanha petista, diz que até um político experiente como Lula comete erros.
Para atrair mais eleitores, o partido lançará um programa de governo centrista em julho, após discussões internas entre o PT e o grupo de quatro partidos que apoiam a candidatura de Lula. Isso inclui o PSB, casa do companheiro de chapa de Lula, Geraldo Alckmin, e do próprio Dino.
“A chave da vitória eleitoral é a modulação programática. Essa é a essência da frente ampla. E ela deve atender a essa expectativa das pessoas de previsibilidade, segurança e tranquilidade institucional.”
Ser moderado não significa abandonar ideias centrais do PT como reduzir a pobreza e manter a presença do governo na economia, diz Dino.
Como outros aliados de Lula, ele se esquiva da questão de quem estaria no comando da maior economia da América Latina se o ex-presidente voltar ao poder, dizendo apenas que o nome “é um trabalho em andamento” e que o programa econômico “não atenderá apenas a Faria Lima”.
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Dino também minimiza as preocupações com brigas internas dentro da campanha, onde há disputas pelo controle da área de comunicação e do marketing, e com o fato de Lula estar ficando atrás de Bolsonaro nas mídias sociais.
Para ele, os números mais altos de engajamento digital do presidente são mais do que o esperado, já que a base de Lula está entre as mais pobres.
“Essa galera não tem tempo de estar pendurada na internet porque está pendurada no ônibus.”
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