Nem Bolsonaro, nem Lula. Saiba quem dita o rumo do dólar após as eleições
Analistas estão revisando para cima as projeções para o dólar ao fim de 2022, independentemente do resultado das eleições no Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) ou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sendo eleito.
Seja um partido de direita ou de esquerda no poder, o peso de um dólar mais apreciado vem mesmo é do exterior.
Recessão a frente
A moeda norte-americana está globalmente mais forte, como tem mostrado o índice DYX, que mede a força do dólar ante uma cesta de divisas. O Dollar Index opera nos maiores patamares em mais de 20 anos, acima de 112 pontos, enquanto o euro e a libra esterlina operam em seus menores níveis da história.
“A deterioração do quadro macroeconômico no Reino Unido serviu de elemento adicional para o fortalecimento do DXY”, comenta a equipe econômica do BTG Pactual.
Os receios de uma recessão na região, além da Europa e também nos Estados Unidos, têm sustentado a valorização da moeda junto à postura dos bancos centrais destas economias em elevar a taxa de juros.
Dólar alto com juros altos. Não com eleições!
“Uma perspectiva mais austera da política monetária global cobrou sua conta no ‘equilíbrio’ das moedas”, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. Com isso, a Ativa revisou a projeção para o câmbio de R$ 5,05 para R$ 5,25 ao fim deste ano.
Entretanto, os economistas do BTG reforçam que o patamar atual da taxa de câmbio, entre R$ 5,15 e R$ 5,25, deve ser rompido nas próximas semanas devido ao cenário de dólar fortalecido no mundo.
“Portanto, o real deve apresentar nova rodada de depreciação e alcançar novamente a faixa entre R$ 5,30 e R$ 5,40. Acreditamos que os vetores globais sugerem que os próximos meses podem contar com surpresas negativas para o real”, observam.
Poderia estar pior
Sanchez comenta que diante da percepção de piora global, sobretudo para as moedas de países emergentes, o dólar poderia estar brevemente acima de R$ 5,60. Segundo ele, em busca de explicações para o “prêmio” de Brasil, encontra-se o diferencial da taxa de juros, a percepção de risco sobre o cenário fiscal e as incertezas “relacionadas ao Brasil”.
O BTG destaca que, nos últimos 30 dias, as divisas emergentes apresentaram uma piora predominante, com destaque para as moedas da América Latina, como os pesos argentino e chileno. Porém, o real permaneceu neutro no período.
“Mas vale ressaltar que a moeda alcançou o maior patamar desde julho nesse intervalo”, diz BTG. Entre as principais divisas emergentes, a moeda brasileira é a que tem melhor desempenho no ano, com queda perto de 7%.
Contudo, o banco projeta um cenário mais desafiador para esses mercados, considerando que o avanço no ciclo de juros deve causar relevante queda na atividade econômica global. Fator que deve, consequentemente, dificultar o balanço de pagamentos das economias mais frágeis.
Pode melhorar após as eleições
Apesar das apostas de dólar para cima, o CEO da Tenax Capital, Alexandre Silverio, diz estar otimista com os ativos locais. Segundo ele, o posicionamento de investidores locais e estrangeiros no mercado brasileiro está “bastante leve”. Isso faz a gestora de investimentos acreditar que exista espaço para alocação no país, dado o fim do ciclo de alta da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e com o término do processo eleitoral.
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