Mercados

Nem boa notícia dos EUA alivia pressão da Petrobras (PETR4) na Bolsa; analistas avaliam Magda Chambriard

15 maio 2024, 13:53 - atualizado em 15 maio 2024, 13:53
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Petrobras (PETR4): Desaceleração da inflação americana não foi páreo para queda do Ibovespa, pressionado pela demissão de Prates (Imagem: Agência Petrobras)

Mais cedo, o mercado recebeu os dados de inflação nos Estados Unidos com um pouco mais de otimismo. Isso porque, apesar da alta do índice em abril, o número mostra uma desaceleração em relação ao mês anterior, o que indica uma inflação mais estável. Mas nem isso aliviou o impacto da Petrobras (PETR4) sobre o Ibovespa.

Na visão do economista e fundador da consultoria Sarfin, Bruno Mori, a boa notícia da inflação americana perde para o anúncio da demissão de Jean Paul Prates do cargo de presidente da Petrobras, que colocou o mercado estado de choque e fez as ações da estatal derreterem. Consequentemente, o Ibovespa também sangrava.



A decisão foi informada ontem à noite, um dia depois da divulgação dos resultados da companhia no primeiro trimestre, o que pegou o mercado de surpresa. E como colocado por Volnei Eyng, CEO da Multiplike: o mercado não gosta de surpresas.

“O mercado gosta de previsibilidade, e o fato de ter sido muito de surpresa, sem um preparo, uma governança, uma meritocracia, assusta. Também declarações da [possível] nova presidente em relação à política de distribuição de dividendos deve assustar o investidor, já que ela é contra”, explica Eyng.

De acordo com a nota divulgada ontem pela estatal, Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, foi indicada para a posição de Prates.

A instabilidade causada pelas constantes ingerências políticas na companhia é a grande crítica dos analistas. Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, avalia que a substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard, apesar de pacífica, aumenta a incerteza sobre o futuro da empresa.

Ainda na visão dele, as políticas de Chambriard, sobretudo a de preços, são cruciais para a percepção de risco dos investidores. A mudança abrupta e motivada por pressões políticas pode impactar a confiança na governança.

“Como uma empresa importante do Brasil e para o Ibovespa, alterações na percepção de risco da Petrobras podem impactar o mercado. Investidores devem agir com cautela e monitorar a nova administração”, ressalta o executivo.

Além da Petrobras (PETR4), outras empresas podem sofrer com o impacto da notícia

Rafael Passos, da Ajax Investimentos, destaca que a notícia é ruim para os investidores em geral, e que não só para quem investe na Petrobras. Além disso,outras estatais listadas na Bolsa também devem sofrer.

“Não tem como. Você volta a ter aquela discussão com direcionamento estratégico, de Capex [investimentos], de dividendos, alocação de capital. Todos aqueles ruídos que tivemos agora voltam à tona. Você tem uma sinalização péssima do governo”, disse o analista.

O CIO da Medici Asset, Gustavo Corradi Matos, complementa citando que o Banco do Brasil (BBAS3) e até a Vale (VALE3) — que, por mais que não seja uma estatal, sofre pressões políticas — também podem sentir o baque do mercado justamente por conta desta falta de confiança no governo.

Matos relembra que a decisão por Magda ainda não foi tomada, e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda pode tentar emplacar algum outro nome no comando da estatal, como o de Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e um dos principais defensores do modelo desenvolvimentista dentro do governo – aquele que tenta impulsionar o crescimento econômico por meio de investimentos e gastos do Estado.

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