Aviação

Negócio entre Embraer e Boeing faz sentido? Prêmio pode chegar a 250%

21 dez 2017, 17:21 - atualizado em 21 dez 2017, 19:50

A Boeing está de olho na Embraer (EMBR3) para ganhar participação de mercado no segmento de jatos regionais, revelou hoje o The Wall Street Journal em uma notícia que enlouqueceu os investidores no Brasil e nos EUA, onde os papéis subiram até 30% como reação ao negócio. A fusão das duas companhias iria chacoalhar o mercado global de fabricação de aeronaves. No final do dia, as ações terminaram em alta de 25,59%, a R$ 20,71.

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A reportagem ganha uma cor especial porque, em outubro, a Airbus passou a ser acionista majoritária das ações dos modelos C-Series da Bombardier. A empresa europeia passou a deter 50,01% das ações da C-Series Aircraft Limited Partnership, unidade de produção e comercialização dos jatos similares aos da brasileira.

“A Embraer seria complementar à Boeing, especialmente com seu portfólio regional de jatos, mas também por meio da incorporação de produtos atraentes nos segmentos executivo e de defesa”, explica o BTG Pactual em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (21) e obtido pelo Money Times.

Os analistas Renato Mimica e Samuel Alves lembram que atualmente as empresas já possuem relações comerciais no mercado (acordo KC-390), enquanto a Embraer está expandindo sua presença de produção nos EUA. As sinergias (aquisição, distribuição, assistência) também podem ser substanciais, avaliam.

“Embora não estejamos totalmente surpresos com a notícia, vemos isso como positivo para a Embraer. Há muito que consideramos que, com o aumento do número de linhas aéreas em todo o mundo, o acordo entre a Airbus e a Bombardier poderia ser um prenúncio de maior consolidação”, ressalta o Credit Suisse em um relatório obtido pelo Money Times e assinado por Robert Spingarn, Jose Caiado e Audrey Preston.

As duas empresas confirmaram, em um comunicado conjunto, que estão em negociações para uma  “potencial combinação”. “Não há garantias de que estas discussões resultarão em uma transação. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais a respeito das discussões”, diz o texto.

Golden Share

O BTG ressalta que já se fala em uma aproximação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com o TCU para reavaliar também a Golden Share na Embraer, que dá direito a veto na empresa.

A Boeing estaria disposta a tomar medidas para manter a marca e os empregos. Apesar das negociações, o jornal cita fontes que apontam com pouco provável que o governo brasileiro aceite o negócio.

“Acreditamos que poderia haver algumas estruturas de negócios em que a golden share não teria poder de veto, como um acordo envolvendo exclusivamente os E-Jets (o segmento da Defesa teria mais restrições)”, avalia o BTG.

Em comunicado enviado ao mercado, a Embraer disse que “bases (de um acordo) ainda estão sendo discutidas” e que não há garantias de que uma transação poderá ser alcançada.

Segundo a Folha de S.Paulo, o presidente Michel Temer foi informado hoje à tarde sobre a negociação e que aprova as discussões, mas que em seu governo “a Embraer jamais será vendida”.

Valuation

Segundo o WSJ, a oferta traria um “grande prêmio” sobre o valor de mercado de aproximadamente US$ 3,7 bilhões da brasileira. O BTG calcula que a Embraer poderia ser avaliada em até US$ 15 bilhões, o que significaria um prêmio de aproximadamente 250% sobre o preço atual. Isso sem considerar que a poison pill não seja renegociada.

Este instrumento, no caso da Embraer, exige que as mesmas condições oferecidas aos controladores seja estendida aos minoritários caso a proposta exceda os 35% de participação no capital. “Obviamente, é difícil fazer declarações em especulações de negócios, mas permanecemos construtivos na Embraer”, dizem os analistas. A recomendação é de compra das ações.

(Com Investing.com)

(Atualizada às 18h18)