Negócio de “superalimentos” da Atlas tem impulso com investida no mercado de capitais
A trading de grãos Atlas captou 100 milhões de reais no Brasil este ano para expandir seu negócio de “superalimentos”, um mercado no qual as grandes empresas do ramo não se aventuram, disse um executivo da companhia.
Os superalimentos, ou grãos com alto valor nutricional, também incluem leguminosas como lentilhas, feijões secos e grão de bico, além de gergelim.
“Os exportadores de grãos alternativos, de superfoods, serão novos (entrantes)”, disse Bernardo Garcia, chairman da Atlas, em entrevista na terça-feira.
“As grandes tradings estão focadas no mercado das commodities tradicionais.”
Praticamente sem concorrência, a Atlas pretende se tornar uma das principais exportadoras brasileiras desses alimentos, apostando que pode prosperar em um nicho de mercado que cresce 4,5% ao ano e que ela identificou à frente dos demais.
Os recursos da rodada de financiamento da Atlas estão sendo usados pela empresa mato-grossense, fundada há dois anos, para aumentar as compras de gergelim de agricultores locais.
A Atlas já está processando gergelim e vendendo nos mercados de exportação, onde recebe cerca de 1.700 dólares por tonelada, disse Garcia.
A conclusão do esforço de financiamento da Atlas ocorre em um momento em que os produtores começam a procurar novas maneiras de lucrar com suas terra.
A produção doméstica de gergelim, por exemplo, vem crescendo em média 50% desde 2018. A colheita pode atingir 120.000 toneladas em 2022, à medida que as plantações crescem rapidamente, disse a Atlas.
Embora o Brasil continue sendo um pequeno produtor de gergelim e outros tipos de “superalimentos”, o país tem potencial para figurar entre os maiores fornecedores do mundo.
Isso ocorre porque os produtores daqui, que são altamente mecanizados, são capazes de escalar a produção e cultivar grãos de maior valor agregado, ultrapassando nações agrícolas menores e que não têm essa vantagem competitiva, disse Garcia.
A produção de gergelim do Brasil ainda é modesta em comparação com a do Sudão, o maior fornecedor mundial, que colhe 1,5 milhão de toneladas por ano, segundo a Atlas.
Mas o país pode aumentar a produção para 1 milhão de toneladas em apenas cinco anos, com a empresa posicionada para exportar 10% disso, disse Garcia.
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