Negociação de ações da Hygo é suspensa após citação de CEO em investigação no Brasil
O início das negociações de ações da Hygo Energy foi suspenso nesta quinta-feira, horas depois de o presidente-executivo da operadora de transporte e infraestrutura de gás natural liquefeito ser citado em uma investigação de corrupção no Brasil.
A Hygo é chefiada por Eduardo Antonello, ex-executivo da companhia de exploração de petróleo “offshore” Seadrill, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de recebimento de propina, segundo documentos judiciais de uma nova fase da operação Lava Jato.
Antonello, que hoje vive em Londres, não respondeu de imediato a um pedido por comentários.
A Hygo uma joint venture entre a Golar LNG e a empresa norte-americana de private equity Stonepeak Infrastructure Partners, cujas ações começariam a ser negociadas em Nova York, não confirma nem nega o cancelamento da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), disse a assessoria de imprensa da companhia por e-mail. A Stonepeak não respondeu de imediato a um pedido por comentários.
A Golar disse que as acusações contra Antonello “envolvem conduta anterior e não implicam, de forma alguma, seu trabalho na Hygo”.
“No entanto, com muita cautela, a Hygo iniciou uma revisão para buscar a confirmação de que não houve qualquer desvio de sua cultura de conformidade em relação ao trabalho do sr. Antonello para a Hygo”, acrescentou a empresa em comunicado.
A precificação das ações da Hygo deveria ocorrer nesta quinta-feira, mas a Bolsa de Valores de Nova York disse que a operação foi suspensa, sem indicar os motivos.
As ações da Golar chegaram a recuar mais de 25%, para 7,25 dólares, durante a sessão da bolsa nova-iorquina.
A Hygo anunciou em setembro planos de levantar 485 milhões de dólares em um IPO, com faixa indicativa de 18 dólares a 21 dólares por ação, segundo comunicado ao mercado.
Como parte da nova fase da operação Lava Jato, investigação que em seis anos resultou nas prisões de dois ex-presidentes do Brasil e de centenas de executivos e políticos, as polícias brasileira e holandesa conduziram dezenas de mandados de busca na quarta-feira.
Segundo o MPF, a nova fase envolve a Seadrill em uma investigação sobre três contratos celebrados em 2011 entre a malaia Sapura Energy Berhad e a Petrobras, que totalizam 2,7 bilhões de dólares. [nL2N2GK0RQ]
A Sapura, joint venture entre Seadrill e Sapura Energy, nega veementemente o envolvimento em qualquer forma de propina ou corrupção em suas operações no Brasil e em qualquer lugar do mundo, disse a companhia em comunicado nesta quinta-feira.
A investigação está nos estágios iniciais e foi divulgada pelos procuradores brasileiros na quarta-feira. Ninguém foi acusado formalmente.
Antonello trabalhava na Seadrill à época, tendo sido responsável por estabelecer as operações brasileiras da empresa. Documentos judiciais mostram que seu telefone foi grampeado pela polícia, que também monitorou seu e-mail.
A Seadrill confirmou que sua subsidiária Seadrill Serviços de Petróleo foi alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal do Rio de Janeiro na quarta-feira.
A empresa disse que está cooperando integralmente com as investigações em andamento.
As ações da Seadrill, negociadas em Oslo, fecharam em queda de 6,5% nesta quinta-feira.
Os contratos entre Sapura e Petrobras, para construção e afretamento de três navios do tipo PLSV, ainda estão em vigor, segundo o MPF.