Saúde

Negacionismo de líderes pode ter levado à disseminação de Covid-19 no Brasil, diz ONU

14 maio 2020, 14:17 - atualizado em 14 maio 2020, 14:17
Jair Bolsonaro
“A negação no início de importantes líderes políticos provavelmente levou à disseminação da infecção”, afirmou a alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O negacionismo de importantes líderes políticos no Brasil provavelmente levou à disseminação no país da Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, disse nesta quinta-feira a alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, que se declarou “realmente preocupada” com o Brasil e a situação local da pandemia.

“É claro que estamos realmente preocupados com o Brasil e a Covid-19, porque é um dos países com grande número de pessoas com Covid-19 e também um alto índice de mortes”, disse Bachelet ao ser indagada sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou o coronavírus e participou de protestos que pedem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma intervenção militar.

“Acreditamos que a negação no início de importantes líderes políticos provavelmente levou à disseminação da infecção, que se outras medidas tivessem sido tomadas desde o início, talvez isso pudesse ter sido revertido”, afirmou ela

Bachelet também foi diretamente indagada se a democracia brasileira está em risco por causa da postura de Bolsonaro. Sem citar diretamente o presidente, a chefe de direitos humanos da ONU, que presidiu o Chile por dois mandatos, reconheceu que os pedidos de uma intervenção militar por determinados grupos ameaçam a democracia brasileira.

“Nós também soubemos que certos grupos pedem que os militares participem”, disse ela, acrescentando que isso significa uma ameaça à democracia.

“Nós também soubemos que certos grupos pedem que os militares participem”, disse Bachelet (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

Bolsonaro discursou em atos realizados em Brasília –um em frente ao quartel-general do Exército e outro em frente ao Palácio do Planalto– que pediram o fechamento do Congresso, do Supremo e a reedição de um Ato Institucional número 5 (AI-5), instrumento que marcou o endurecimento da repressão durante o regime militar.

O presidente também já classificou a Covid-19 de “gripezinha” e, ao ser questionado recentemente por jornalistas sobre o alto número de mortes provocada pela doença no Brasil respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” Também tem sido um duro crítico de medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio não essencial, adotadas por governadores e prefeitos para frear a propagação do vírus.

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados na quarta-feira, o Brasil tem 188.974 casos confirmados de Covid-19 e a doença já matou 13.149 pessoas no país.

Esses números fazem do Brasil o sexto país do mundo com maior número de casos e mortos pela Covid-19, embora a pandemia no país tenha começado depois de países que atualmente estão atrás neste ranking, como China, Alemanha e Bélgica.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar