Internacional

Navios com 1 milhão toneladas de grãos estão parados perto do Irã por crise de pagamentos

02 out 2019, 15:31 - atualizado em 02 out 2019, 16:09
Navio
“O que mudou é que agora o número de bancos e operadores se afastando da realização de negócios com o Irã está aumentando”, disse a autoridade (Imagem: REUTERS/Raheb Homavandi)

Mais de 20 navios com cerca de um milhão de toneladas de grãos estão parados próximos a portos do Irã devido a problemas de pagamentos criados pelas sanções impostas pelos Estados Unidos, que dificultam os esforços do país asiático para importar commodities vitais, disseram fontes diretamente envolvidas no comércio.

Empresas de trading como Bunge e a chinesa Cofco International estão entre as afetadas por atrasos de pagamentos e custos adicionais de até 15 mil dólares por dia, uma vez que as restrições norte-americanas impedem o processamento das transações, segundo as fontes.

Alimentos, medicamentos e outros suprimentos humanitários estão isentos das sanções reimpostas por Washington depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que está deixando o acordo internacional de 2015 relacionado ao programa nuclear iraniano.

No entanto, as medidas norte-americanas, que têm como alvo praticamente tudo, de vendas de petróleo a atividades financeiras e de transporte, impediram vários bancos estrangeiros de processarem quaisquer negócios iranianos, incluindo os humanitários, como embarques de alimentos.

Os poucos credores remanescentes a ainda processarem negócios da República Islâmica enfrentam diversos obstáculos para facilitar os pagamentos, já que os canais de financiamento estão congelados.

Seis fontes ocidentais e do Irã afirmaram que a situação contribui para que os carregamentos estejam parados há mais de um mês perto de dois dos maiores portos iranianos, Bandar Imam Khomeini e Bandar Abbas.

Os navios possuem cargas que incluem soja e milho, sendo a maior parte proveniente da América do Sul, disseram as fontes. As embarcações são visíveis por dados de monitoramento de navios.

“Não há restrições para negócios humanitários, mas você não é pago por eles”, disse uma fonte europeia. “Você pode ter de esperar meses para receber um pagamento.”

Outra fonte disse que “há nervosismo entre operadores quanto à realização de novas vendas para o Irã antes de o congestionamento (de navios) ser liberado”.

Uma autoridade portuária sênior da República Islâmica, que pediu para não ser identificada, disse à Reuters que problemas vêm ocorrendo desde as sanções impostas pelos EUA ao sistema bancário do país em novembro de 2018.

“O que mudou é que agora o número de bancos e operadores se afastando da realização de negócios com o Irã está aumentando”, disse a autoridade.

Novas sanções impostas em setembro pelos EUA ao banco central iraniano — após os ataques a instalações petrolíferas da Arábia Saudita, pelos quais os norte-americanos culparam o Irã — criaram mais dificuldades para as transações.

“Alguns pequenos bancos com os quais costumávamos trabalhar estão nos informando que não farão mais negócios conosco”, disse a fonte, que se recusou a citar quais seriam essas instituições.

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