Navios à espera de açúcar do Brasil sinalizam demanda em alta
No Brasil, maior produtor global de açúcar, a fila de navios que aguardam para embarcar a commodity se torna cada vez mais longa, um sinal de positivo de que os maiores suprimentos já vinculados à expiração de um contrato futuro serão embarcados para consumidores no mundo todo.
Até segunda-feira, a fila de navios sendo carregados ou à espera da matéria-prima no Porto de Santos havia aumentado 50% desde 30 de abril, data de vencimento do contrato de açúcar bruto para entrega em maio na ICE Futures U.S., segundo dados da agência de navegação Williams.
O número subiu para 35 navios, que esperam embarcar 1,6 milhão de toneladas de açúcar destinados a países como Iraque, Bangladesh, Iêmen, Marrocos, China e Nigéria.
O prêmio de açúcar refinado em relação ao tipo bruto não processado subiu para o nível mais alto desde 2013, frequentemente um sinal de ganhos.
Na semana passada, o cenário era incerto, pois a Wilmar International, com sede em Cingapura, e a chinesa Cofco International, que geralmente abastecem mercados consumidores, combinaram para entregar um recorde de 2,26 milhões de toneladas do Brasil contra o contrato da ICE.
Os futuros mais ativos acumulam baixa de 20% neste ano, sob o impacto da pandemia de coronavírus na economia global.
Quando o comprador escolhe um navio rapidamente, isso normalmente “mostra que há demanda no destino final ou pelo menos ele quer que pareça que existe”, e os preços tendem a responder, disse em relatório Arnaldo Correa, sócio da Archer Consulting.
O prêmio do tipo refinado impulsiona a demanda por açúcar bruto, disse Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets, em Nova York.
A queda da produção na Tailândia e as projeções de exportações moderadas da Índia mostram que a América do Sul puxa os suprimentos, disse.
Com isso, a capacidade do Brasil de atender à demanda será “muito importante”, pois as usinas enfrentam problemas financeiros com a recente desvalorização dos preços e queda na demanda por etanol, disse. A alta do dólar em relação ao real torna as exportações mais competitivas, afirmou.
O consumo no Oriente Médio geralmente cresce durante o Ramadã, que dura 30 dias e termina em 23 de maio.
No entanto, o aumento das exportações de soja do Brasil pode congestionar os embarques, disse Bruno Lima, gestor de risco da INTL FCStone.