Navio de bandeira grega Bouboulina é suspeito de vazamento de óleo nas praias do NE, diz MPF
O navio de bandeira grega Bouboulina é suspeito de vazamento do óleo nas praias do Nordeste, afirmaram procuradores da República em representação encaminhada à Justiça Federal que embasou a busca e operação realizada nesta sexta-feira em duas empresas ligadas à embarcação e obtida pela Reuters.
À Justiça, os procuradores narram todo o trabalho que levaram a chegar sobre a suspeita que envolve a embarcação.
“Nesse sentido, cristalino a existência de fortes indícios que o NM BOUBOULINA, da empresa DELTA TANKERS LTD., foi o navio envolvido com o vazamento de petróleo que gerou uma poluição marinha sem precedentes na história do Brasil“, disseram os procuradores.
“Também há fortes indícios de que a empresa DELTA TANKERS, o comandante do NM BOUBOULINA e tripulação deixaram de comunicar às autoridades competentes acerca de vazamento/lançamento de ‘petróleo cru’ no oceano Atlântico que veio a poluir centenas de praias brasileiras”, completaram.
A pedido do MPF, a Justiça Federal autorizou buscas e apreensão na Lachmann Agência Marítima e Witt O Brien’s, ambas sediadas no Rio de Janeiro, que teriam ligações com o navio petroleiro suspeito do vazamento.
O delegado da Polícia Federal Agostinho Cascardo, um dos responsáveis pela Operação Mácula, no âmbito da qual foram cumpridos os mandados de busca e apreensão, disse que as duas empresas com sede no Rio de Janeiro alvo dos mandados não são em princípio suspeitas do vazamento de óleo, mas teriam ligações com o navio de bandeira grega.
“As duas empresas são endereços ligados à empresa, são representantes, empresas que prestam consultoria, eles não são em princípio suspeitos de crime. São pessoas que podem ter arquivos e dados que sejam úteis à investigação da Polícia Federal”, disse o delegado, em entrevista coletiva.
O delegado disse ter enviado cinco pedidos de cooperação internacional a cinco países diferentes, via Interpol, com o objetivo de investigar também o navio supostamente autor do vazamento do óleo em águas brasileiras. Ele destacou que essa é uma das linhas da apuração.
Cascardo afirmou que, com base em dados da investigação, o óleo pode ter sido descartado entre os dias 28 e 29 de julho, numa localidade distante 730 quilômetros da costa da Paraíba. Ele disse que não é possível saber o motivo do descarte do material, uma vez que, apesar de a materialidade do crime estar bem definida, não se tem a circunstância do delito.
O delegado afirmou que o navio tem capacidade de transportar 80 mil toneladas de petróleo, não sendo um dos maiores para esse tipo de uso. “O que chegou na costa brasileira, é uma pequena fração”, disse.