Natura (NTCO3): Venda da Aesop não agradou o mercado? Por que a ação cai 8%
A notícia da venda da marca Aesop, da Natura (NTCO3) para a L’Oréal, continua instigando o mercado. No pregão desta quarta (5), após queda de 3,39% no dia do anúncio (4), as ações da companhia despencavam mais 8,39%, valendo R$ 12,01.
Como era esperado, a primeira reação ao anúncio foi positiva. NTCO3 abriu o pregão de ontem em alta de aproximadamente de 8% na última sessão. Mas o que deu errado para a gigante de cosméticos?
Os analistas do Goldman Sachs e do Santander destacavam que a transação se traduziria em receitas de R$ 12,8 bilhões. Essa entrada de caixa acarretaria na desalavancagem da Natura, podendo acelerar a recuperação de The Body Shop, Avon Latam e Avon International.
No entanto, o ânimo esfriou e levou a ação para território de queda, o qual ela segue habitando hoje. A estrategista de investimentos da Nexgen Capital, Milena Araújo, explica que, com a expectativa da notícia, os investidores se posicionaram em NTCO3 nos últimos meses. Já a queda após o anúncio está associada à realização de lucros.
Araújo também pontua que os investidores teriam que esperar cerca de dois a três anos para ver melhoras nos resultados da Natura. “Têm muitos desafios e ajustes internos a serem feitos, e no âmbito internacional também”, diz.
Desafios para a Natura
Entre os maiores desafios para a Natura após a venda da Aesop está o espelhamento de melhores resultados para as outras empresas do grupo, avalia a estrategista da Nexgen.
Segundo Araújo, para a Avon, o desafio é aumentar as vendas na América Latina. Já para a Avon Internacional, a barreira está nos investimentos, com a pressão da expectativa geração de caixa. Em relação à The Body Shop, a busca é por geração de caixa livre nos próximos ciclos.
Na avaliação do BTG Pactual, outro empecilho é a alta alavancagem no cenário de juros elevados. “Gostamos dos esforços para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso, mas em termos de fundamentos, o curto prazo deve continuar desafiador, com margens pressionadas e receita fraca”, comentam analistas do banco.
Com a piora do cenário macroeconômico, a Natura começou a entregar resultados aquém das expectativas nos últimos trimestres na maioria de suas unidades de negócios. A companhia encerrou o quarto trimestre de 2022 (4T22) com 5,1 vezes dívida líquida/EBITDA (pós-IFRS16), aponta o BTG.