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Natura (NTCO3): Mudanças na gestão, dividendos e extinção da holding; o que dizem analistas?

21 mar 2025, 11:40 - atualizado em 21 mar 2025, 11:40
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Momento do anúncio de proposta de reestruturação societária da Natura chama atenção de analistas (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

As ações da Natura (NTCO3) permanecem nos holofotes em meio a uma série de eventos relevantes, mas isso não acentuou a turbulência enfrentada pelas ações na Bolsa.

Às 11h27 (horário de Brasília), NTCO3 subiam 0,52%, a R$ 9,70. Acompanhe o tempo real.



Na quinta-feira (20), a companhia anunciou que irá propor uma reorganização societária que inclui incorporar a companhia em sua subsidiária integral, a Natura Cosméticos.

Segundo a Natura, a mudança dará melhor governança e resultará em uma estrutura mais eficiente que deverá destravar valor para seus acionistas, especialmente ao viabilizar uma futura distribuição dos lucros da Natura Cosméticos S.A.

O processo envolve uma mudança de gestão. Com a aprovação da proposta, o presidente-executivo, Fabio Barbosa, e o diretor financeiro, Guilherme Castellan, deixam seus cargos, segundo o comunicado. Barbosa será nomeado presidente do conselho de administração da Natura Cosméticos e Castellan deixará o grupo para “assumir novos desafios profissionais”.

A liderança da Natura Cosméticos permanecerá com João Paulo Ferreira como presidente-executivo e Silvia Vilas Boas como diretora financeira, no entanto, a liderança passaria a ser de uma empresa listada e controladora do grupo, em vez de uma subsidiária.

O JP Morgan permanece neutro diante dos anúncios. Entre as razões para a incorporação da subsidiária está uma simplificação da estrutura e aprimoramento do planejamento tributário, o que a equipe de analistas liderada por Joseph Giordano comenta que poderia ter um valor presente líquido (VPL) de até R$ 5,8 bilhões, 40-45% do valor de mercado da empresa.

“Ainda assim, não acreditamos que o mercado esteja disposto a pagar antecipadamente por isso. E, em nossa opinião, o foco deve estar nas mudanças de gestão e nas tendências de rentabilidade mais fracas do que o esperado, além da provável desaceleração da receita”, avaliam.

Para o banco, a saída de Guilherme Castellan não deve ser bem-vinda, uma vez que se consolidou um CFO bem-conceituado e com forte histórico de disciplina de custos. “Os investidores veem o Castellan como uma peça-chave no quebra-cabeça da Natura, pois os problemas da Avon International ainda precisam ser resolvidos”, colocam.

Em meio ao anúncio, está o decepcionante resultado do quarto trimestre de 2024, que surpreendeu negativamente. Neste sentido, o JP Morgan avalia que os investidores questionam mais uma vez a capacidade de execução da Natura.

E como fica a Avon International?

No comunicado, a Natura reforçou que continua explorando alternativas estratégicas para a Avon Internacional, que incluem uma potencial venda, assim como outras opções estratégicas.

Justamente pela questão Avon International ainda estar em andamento, o timing das mudanças de gestão foi uma surpresa, na avaliação de Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos.

“O mercado esperava que a empresa resolvesse o dilema da Avon antes da saída de Castellan, que tem uma boa reputação por liderar a agenda de desalavancagem da Natura&Co nos últimos 3 anos por meio de alienações de ativos e limpeza do balanço”, ponderam.

Os analistas ressaltam ainda a mensagem do CEO Fábio Barbosa é de que o dilema da Avon “será resolvido já no curto prazo”.

Rodrigo Gastim e equipe, analistas do Itaú BBA, avaliam o anúncio como negativo, apontando o momento como o problema predominante.

“Este anúncio coincide com um cenário operacional desafiador após o quarto trimestre, onde os investidores já estão inquietos com a compressão da margem bruta e as tendências de desaceleração da receita bruta na Natura Brasil. As notícias adicionam mais camadas de incerteza e podem aumentar a volatilidade em torno das ações”, avaliam

Natura pode destravar dividendos

Entre as razões para a reestruturação, está o potencial da Natura em destravar dividendos, um vez que hoje a holding carrega perdas acumuladas substanciais, impedindo pagamentos. Em contraste, a Natura Cosméticos tem reservas de lucros positivas.

“No entanto, mantemos nossa visão de que, dada a volatilidade persistente dos lucros na América Latina  e a situação não resolvida da Avon International, um aumento de curto prazo nos pagamentos de dividendos parece injustificado — uma postura ecoada pela administração durante a teleconferência da
semana passada”, avalia o Itaú BBA.

Em coletiva após os resultados, o CFO, Fábio Castellan, afirmou que está no horizonte no médio prazo, uma vez que a Natura conta com uma estrutura de capital que permite a distribuição.

No entanto, segundo ele, antes é preciso voltar a mostrar a expansão das margens, jornada esta que já está ocorrendo e deve continuar nisso em 2025.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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