Natura (NTCO3): Entenda a queda de 17% das ações desde o acordo de venda da Aesop
As ações da Natura&Co (NTCO3) voltaram a cair nesta quinta-feira (6), cravando a terceira queda consecutiva. Coincidência ou não, o movimento de queda casa com o período pós-anúncio de venda da Aesop, marca de luxo australiana adquirida pelo grupo de varejo de cosméticos brasileiro em 2012.
Desde que a Natura anunciou a assinatura de um acordo vinculante com a L’Oréal para a venda da Aesop na noite de segunda (3), as ações da companhia caíram em torno de 17%, para o preço atual de R$ 11,20.
O mercado até reagiu bem ao acordo no pregão seguinte ao comunicado, fazendo com que as ações disparassem na abertura, mas o ânimo durou poucas horas e o papel acabou fechando em queda de 3,39%.
A percepção dos analistas sobre o negócio é positiva. Afinal, o valor acertado na transação, de US$ 2,52 bilhões, superou as expectativas e deve resolver o problema de alta alavancagem da varejista. A dúvida está nas demais operações da companhia.
Venda da Aesop não soluciona todos os problemas
De acordo com o BTG Pactual, a venda da Aesop resolve alguns problemas da Natura, mas não todos. Além da alavancagem elevada, resolvido com o desinvestimento do ativo, a empresa continua com problemas na renovação das operações da Avon, tanto América Latina quanto Internacional, e da The Body Shop.
“Gostamos dos esforços para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso, mas em termos de fundamentos, o curto prazo deve continuar desafiador, com margens pressionadas e receita fraca”, comentam analistas do banco, em relatório publicado na terça (4).
Após o acerto da venda da Aesop, a agência de classificação de risco S&P Ratings reafirmou os ratings para a holding Natura&Co e o braço Natura em “BB” em escala global e “brAAA” em escala nacional, incluindo ratings de dívida.
No documento, publicado na quarta (5), a S&P destaca que a Aesop, cuja contribuição na receita e no Ebitda do grupo representou, respectivamente, cerca de 7,5% e quase 25% em 2022, tem uma performance mais forte em relação a outras unidades de negócio do grupo em termos de margens e taxas de crescimento, mas necessita de investimentos significativos para continuar se expandindo.
O lado bom, diz a S&P, é que a alavancagem líquida da holding será próxima a zero assim que a venda estiver concluída, o que deve acontecer no terceiro trimestre de 2023.
No entanto, ressalta a agência, o processo de turnaround da Avon ainda está para acontecer.
“Temos visibilidade limitada de melhorias operacionais após diversas tentativas de reformular as operações”, diz. Por ora, a S&P mantém a avaliação de perfil de risco financeiro como altamente alavancada; pelo menos, até que a volatilidade do fluxo de caixa diminua e os lucros melhorem.
A S&P está atenta à estratégia de crescimento do grupo, de olho em investimentos e M&A (fusões e aquisições), além de retornos a acionistas para avaliar a estrutura de capital mais normalizada, a alavancagem e o fluxo de caixa.
O que fazer com as ações?
De olho no cenário macro ainda desafiador, o BTG tem atualmente recomendação “neutro” e preço-alvo de R$ 18 para a varejista.
À espera de mais detalhes do processo de venda da Aesop, o Santander também tem recomendação “neutra” para a Natura, mas com preço-alvo de R$ 12,20. O rating do Goldman Sachs é igual, com alvo de R$ 14.