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Natura (NTCO3) cai 8% após prejuízo no 2T24 e subsidiária anunciar recuperação judicial nos EUA; o que fazer com as ações?

13 ago 2024, 12:23 - atualizado em 13 ago 2024, 18:03
natura
Natura lidera perdas do Ibovespa após balanço do 2T24 subsidiária entrar com pedido de recuperação judicial nos EUA (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

As ações da Natura (NTCO3) caíram mais de 13% durante o pregão nesta terça-feira (13), após a companhia divulgar o balanço do segundo trimestre de 2024 (2T24) e sua subsidiária não operacional, Avon Products Inc., entrar com pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos, um processo similar à recuperação judicial no Brasil.



Os papéis da varejista encerraram as negociações com queda de 8,61%, a R$ 14,97.

A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 858,9 milhões no segundo trimestre, uma alta de 17,4% em relação ao prejuízo líquido de R$ 732 milhões de igual período do ano passado. O aumento do prejuízo é explicado principalmente pelo “write-off” não-caixa não-recorrente de R$ 725 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciação (Ebitda) consolidado ajustado foi de R$ 803,5 milhões no período, o que representa uma alta de 14,2% ante o valor reportado no 2T23.

Para analistas do BTG Pactual, a Natura registrou resultados mais fortes em meio à reestruturação em andamento e à depreciação da moeda e hiperinflação na Argentina, com destaque para a lucratividade, como nos trimestres anteriores. Além disso, o Ebitda veio em linha com o esperado pelo banco.

O turnaround em andamento e desafiador ainda deixa o BTG à margem, apesar dos sinais mais encorajadores nos resultados operacionais da companhia.

O BTG recorda que, desde que rebaixou a indicação da Natura para neutra em 202, acreditam que a empresa
enfrentou dois desafios significativos:

  • (i) alta alavancagem em meio a um ambiente de altas taxas de juros, resolvido pelos desinvestimentos da Aesop e da TBS, melhorando significativamente seus resultados financeiros; e
  • (ii) desafios na recuperação da Avon (na América Latina e internacionalmente), ainda em andamento.

Nos últimos trimestres, comentam que empresa tem feito esforços bem-vindos para simplificar sua estrutura e melhorar as margens, o que gera otimismo, enquanto a bandeira Natura no Brasil continua sendo o destaque.

“No entanto, o ritmo de recuperação continua incerto, o que nos leva a manter nossa recomendação Neutra por enquanto”.

O Goldman Sachs comenta que o balanço mostra progresso da Natura na América Latina, contudo, com Avon e visibilidade de caixa limitados.

“Embora reconheçamos que o consumo de caixa melhorou em relação ao ano passado, a NTCO continuou reportando um FCF (fluxo de caixa livre) negativo de -R$ 675 milhões neste trimestre. A sazonalidade desempenha um papel importante aqui, com a empresa reiterando sua expectativa de redução da alavancagem no segundo semestre de 2024 via geração de caixa e crescimento do Ebitda”.

No entanto, excluindo a sazonalidade, os analistas do banco avaliam que a dinâmica do capital de giro continuou a ser impactada negativamente pelo aumento do contas a receber, que resulta da maior participação da Natura Brasil e da maior produtividade dos representantes no mix de vendas.

O Goldman Sachs tem indicação neutra para Natura, com preço-alvo de R$ 19.

Para analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, na frente operacional a Natura apresentou bom desempenho das receitas, impulsionado principalmente pelo bom e saudável crescimento de 14,8% na Natura Brasil, enquanto a Avon foi fraca, mas não muito longe das expectativas,

Já na frente estratégica, comentam que a entrada voluntária no Chapter 11 da Avon International Inc, se aceito, poderia limitar as responsabilidades legais da Avon International. Os analistas reconhecem, no entanto, que os resultados permanecem poluídos, sendo altamente ajustados, o que poderá minar, em certa medida, a confiança dos investidores nas tendências subjacentes.

“Por enquanto, mantemos nossa visão positiva sobre o valor que a Natura&Co deverá gerar com a integração da Natura e da Avon nos próximos anos. Mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo para 2025 de R$ 22,00”, diz.

Avon Products entra com pedido de recuperação judicial nos EUA

Avon Products Inc. é uma subsidiária não operacional da Natura e entrou com pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos, um processo similar à recuperação judicial no Brasil.

Em comunicado enviado ao mercado nesta terça-feira (13), a Natura anunciou apoio ao processo voluntário de reestruturação da holding da marca de beleza Avon, para tratar de dívidas e passivos pré-existentes.

A Natura é a maior credora da Avon Products e, conforme o fato relevante, segue acreditando no potencial da marca e irá apoiar as atividades da companhia ao longo do processo de reestruturação, se comprometendo a fornecer um financiamento de US$ 43 milhões na modalidade DIP (debtor-in-possession).

Além isso, a Natura fará uma oferta de US$ 125 milhões para adquirir as operações da Avon fora dos EUA, por meio de um processo de leilão supervisionado pela corte judicial do país.

Para a oferta, a Natura pretende usar seus créditos com a Avon Products Inc. como contraprestação. A empresa não divulgou o total das dívidas da subsidiária, nem o quanto tem em créditos com a empresa.

“Nenhum impacto é esperado nas operações da Avon, que estão localizadas fora dos Estados Unidos e não fazem parte do procedimento do Chapter 11. Isso inclui as operações nos mercados da América Latina, onde a marca Avon é distribuída pela Natura e a integração das duas marcas continua a apresentar um progresso constante” diz o comunicado.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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