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Natura (NTCO3): Bradesco BBI avalia que queda das ações ‘foi longe demais’ e mantém recomendação de compra

17 mar 2025, 14:38 - atualizado em 17 mar 2025, 18:11
natura - ntco3
As ações da Natura recuaram 30% após o balanço do quarto trimestre de 2024 (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Após uma queda de 30% na última sexta-feira, as ações da Natura (NTCO3) amargam mais uma baixa no pregão desta segunda-feira (17). Os papéis da varejista recuaram 3,16%, a R$ 9,20. Acompanhe o tempo real.



Na avaliação dos analistas Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos, a queda das ações “foi longe demais” e está aparentemente separada da revisão das estimativas para baixo.

Os analistas mantêm a recomendação de compra para NTCO3 enquanto avaliam todas as informações marginais sobre a companhia, sem descartar completamente a validade da tese de investimento.

Na visão do banco, a divulgação dos resultados do quarto trimestre não justifica uma revisão de estimativas para baixo de 30%.

No entanto, os analistas reconhecem a existência de razões para alguma redução dos múltiplos e uma redução da disposição do mercado em dar o “benefício da dúvida”.

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Por que as ações da Natura caíram tanto?

Para o Bradesco BBI, a forte queda das ações pode ser explicada por uma combinação de fatores: revisões negativas nas estimativas, rebaixamento das expectativas de “desancoragem”, menor concessão do “benefício da dúvida” e uma abordagem de mercado pautada em “vender primeiro, perguntar depois”.

Os analistas lembram que a teleconferência após a divulgação dos resultados abordou dois pontos que levantaram mais perguntas do que respostas sobre a revisão das margens daqui em diante: a margem bruta e os custos de transformação.

Em relação à margem bruta, a gestão da Natura atribuiu grande parte da perda ao impacto da Argentina, mas sem fornecer uma quantificação específica, segundo os analistas.

“Eles argumentaram que a margem bruta da unidade de negócios Natura&Co na América Latina teria se expandido consideravelmente em base anual se excluíssemos a Argentina. Ainda não está claro para nós se a pressão da margem bruta da Argentina é mais de natureza contábil ou operacional e se há alguma implicação em 2025”, colocam os analistas.

Já os custos de transformação resultaram em um impacto de margem de cerca de 2 a 2,5 pontos percentuais nos últimos dois anos.

O BBI pontua que a gestão mencionou que esses custos podem ser pesados novamente em 2025, sem os quantificar, mas sugerindo que ainda há muito a ser feito, enquanto o mercado e a casa esperavam que este aspecto desacelerasse neste ano.

O que está no radar do mercado?

O mercado ainda digere os resultados do quarto trimestre de 2024 da companhia, que decepcionou. Na contramão do Bradesco BBI, o banco JP Morgan rebaixou as ações de compra para neutra, com um preço-alvo de R$ 11, após classificar o balanço como uma surpresa negativa. Veja mais aqui.

Nem o anúncio de um programa de recompra de ações inibiu a Natura de mais um dia de queda. Na manhã desta segunda, a companhia informou ao mercado que o conselho de administração aprovou a aquisição de até 52.631.578 ações ordinárias da companhia, equivalentes a até 3,8% do total e 6,2% das que estão em circulação.

Vale pontuar que um programa de recompra pode ter diversas motivações, como a crença pela empresa de que as ações estão baratas; distribuição de ações aos executivos como bônus sem a emissão de novos papéis; geração de valor ao acionista.

Conforme o documento, o objetivo da Natura é maximizar a geração de valor para os acionistas, por meio da aquisição das ações para permanência em tesouraria, bonificação ou cancelamento das ações, sem redução do capital social.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.