Ações d Natura sobem após resultados do terceiro trimestre de 2024 (Imagem: Divulgação)
As ações da Natura (NTCO3) operam na ponta positiva do Ibovespa (IBOV) nesta sexta-feira (08), após a companhia reportar um prejuízo líquido de R$ 6,693 bilhões no terceiro trimestre (3T24), contra lucro de R$ 7,024 bilhões obtido no mesmo período do ano passado.
NTCO3 terminou a sessão como a segunda maior alta do índice, com avanço de 2,90%, a R$ 14,53.
Conforme o balanço divulgado ao mercado, neste trimestre foi realizada a desconsolidação dos resultados da Avon Products Inc. (“API”) e de suas subsidiárias, devido ao Chapter 11 — processo similar à recuperação judicial brasileira — anunciado em agosto de 2024.
Com isso, um prejuízo não-caixa e não-recorrente de R$ 7,0 bilhões foi registrado em Operações Descontinuadas no trimestre, anulando o lucro líquido de R$ 524 milhões no período.
“Qualquer perda líquida que possa ainda constar no nosso resultado anual de 2024 poderá ser potencialmente compensada pela reserva de capital, com a devida aprovação dos acionistas, visando permitir que a Companhia possa retomar a distribuição de dividendos”, aponta Fábio Barbosa CEO do Grupo Natura &Co.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado foi de R$ 659,2 milhões no período, um aumento de 87,6% em relação ao reportado no 3T23.
Segundo a empresa, essa melhoria na margem é atribuída à alavancagem operacional, a um mix mais favorável de países e a uma maior exposição à marca Natura. Além disso, a holding reduziu em 43% suas despesas corporativas no ano.
A receita líquida totalizou R$ 5,976 bilhões, um avanço de 17,4% na comparação anual, impulsionado pelo desempenho da marca no Brasil e pela aceleração do crescimento da Natura nos mercados hispânicos.
Analistas da XP Investimentos colocam que excluindo o efeito API, a Natura teve lucro líquido de R$ 524 milhões, acima do esperado devido a menores resultados financeiros e impostos, enquanto a geração de caixa foi forte em R$ 1,3 bilhão, devido à melhora nos resultados operacionais, melhor dinâmica de capital de giro, principalmente em recebíveis e contas a pagar, e um Capex mais enxuto.
A casa aponta que uma Natura “mais limpa” começa a aparecer, apresentando crescimento sólido da receita, margens melhores e geração de caixa.
Como destaque, dizem que:
- a integração logística foi concluída no Brasil, levando a menores custos logísticos e maior produtividade serem vistas no balanço;
- Natura Brasil acelerou abertura de lojas físicas (+23 lojas próprias e +100 franquias vs. 3T23), com a marca também lançando uma loja digital oficial no Mercado Livre;
- a Natura foi lançada no Equador, onde a Avon já estava presente;
- a alavancagem atingiu 1,7x Dívida Líquida/EBITDA (ex-IFRS), um aumento de 0,5x em relação ao 2T;
- a administração observou que qualquer perda potencial até o fim de 2024 poderia ser compensada por reservas de capital (sujeitas à aprovação dos acionistas) para permitir que a NTCO retome o pagamento de dividendos.
Na avaliação do BTG Pactual, a Natura apresentou resultados melhores em suas operações continuadas, com números sequencialmente melhores tanto para a bandeira Natura quanto para a Avon na América Latina.
Os analistas do banco comentam que a expansão da lucratividade continua sendo positiva, com Ebitda ajustado ligeiramente acima do esperado. O banco permanece com recomendação neutra para Natura, com preço-alvo de R$ 18.
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Para o Itaú BBA, Natura entregou um trimestre positivo, com os resultados operacionais superando as expectativas, liderados por um forte crescimento no Brasil para a Natura e a Avon CFT e uma aceleração da marca Natura na América Latina.
“Os resultados operacionais sugerem que a implementação da Onda 2 está progredindo bem, enquanto os reinvestimentos realizados desde seu início estão agora começando a impulsionar um desempenho de receita mais robusto”, comentam.
Conforme o presidente-executivo da Natura, Fábio Barbosa, a implementação da Onda 2 deve ocorrer em todas as regiões até o final de 2025. Onda 2 se refere ao processo de integração entre as marcas Natura e Avon na América Latina.
“A Onda 2 já foi implementada na maioria das regiões e deve estar concluída até o final de 2025”, disse Barbora em teleconferência sobre os resultados do trimestre.
Ele ainda citou que Peru, Colômbia, Chile e Brasil já concluíram a sua fase de integração e que os dois grandes países restantes são México e Argentina.
“Esperamos que os investidores continuem monitorando a implementação da Onda 2 e as tendências de lucratividade para a região da América Latina enquanto tentam olhar além do resultado do Capítulo 11 da API. Planejamos atualizar nossas estimativas em breve”, conclui o BBA.
O Goldman Sachs afirma que os resultados vieram com fortes tendências na marca Natura, especialmente no Brasil e com a maturação da Onda 2, impulsionando melhor produtividade dos representantes em todas as localidades.
Apesar de destacarem as receitas ligeiramente abaixo das estimativas (-3%), isso foi mais do que compensado no nível do Ebitda, por tendências de lucratividade melhores do que o esperado.
“Isso levou o Ebitda ajustado a superar nossas expectativas em +4%, parcialmente impulsionado pela racionalização dos gastos com despesas gerais e administrativas, sem os quais o Ebitda absoluto teria ficado alinhado com a estimativa (embora com melhores tendências de margem considerando a perda na linha de topo)”.
O banco tem recomendação neutra para Natura, com preço-alvo de R$20,00.