Natura: BTG mantém neutralidade à espera de reviravolta
O BTG Pactual (BPAC11) reiterou sua recomendação neutra para a Natura&Co (NTCO3) enquanto espera por melhores sinais de uma virada. Apesar dos desafios que a companhia vem mostrando com a marca The Body Shop, o banco revisou suas estimativas sobre os papéis, chegando ao preço-alvo de R$ 45, devido à conclusão do acordo com a Avon.
“Acreditamos que o curto-prazo oferece um momento decente à Natura, considerando as notícias divulgadas recentemente sobre sinergias e potenciais oportunidades de crescimento para a Avon, especialmente na América Latina, ao longo dos próximos trimestres”, avaliaram os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi.
Pelo acordo, antigos acionistas da Avon passam a deter 27,3% da nova holding, enquanto acionistas da Natura ficam com 72,7%. A empresa também informou recentemente que aumentará seu capital com a emissão de aproximadamente 326,1 milhões de ações, totalizando R$ 10,4 bilhões.
Quarta maior empresa de cosméticos do mundo
A nova companhia combina um Ebitda de R$ 3,2 bilhões e receitas líquidas de R$ 35,8 bilhões, o que a transforma na quarta maior empresa de cosméticos do mundo.
O marketshare no Brasil será de 47% no canal direto de vendas, com 31% pela Natura e 16% pela Avon.
A holding derivará 31% das receitas pelo Brasil, 27% pela América Espanhola e 39% pelas regiões da Ásia-Pacífico e Europa, Oriente Médio e África.
Nova estrutura operacional
A Natura criou quatro divisões para a sua nova estrutura operacional.
A primeira unidade, que será liderada por João Paulo Ferreira, é constituída pela Natura&Co Latin America, Avon Latin America, The Body Shop (América Latina) e Aesop (Brasil).
A segunda divisão é formada pela atuação da Avon em outras regiões do mundo. Isso inclui os mercados da Europa, África, Oriente Médio e Ásia.
A terceira e quarta unidades são a The Body Shop e a Aesop.
“Apesar de ainda existir muitas incertezas envolvendo o potencial da Avon na América Espanhola e no Brasil, notamos que a Natura perdeu uma grande fatia do mercado nos últimos seis meses dentro do canal de vendas diretas brasileiro – de 34% para 25% em 2018 –, criando uma valiosa oportunidade para os trimestres que virão”, defenderam Guanais e Savi.
Sinergias
A companhia revisou nesta semana suas estimativas de meta de sinergias resultantes da combinação de negócios com a nova empresa adquirida.
A projeção subiu e agora está na faixa dos US$ 200 milhões a US$ 300 milhões anuais contra os US$ 150 milhões a US$ 250 milhões anteriores.
Pelas perspectivas dos analistas do BTG, as sinergias adicionam R$ 11 no preço-alvo para a Natura.
“Das sinergias a serem capturadas dentro de 36 meses, a companhia mencionou uma faixa de US$ 100-US$ 140 milhões em pesquisa, US$ 40-US$ 70 milhões em produção e distribuição e US$ 60-US$ 90 milhões em fusões e aquisições”, acrescentaram.