Natura ainda pode surpreender o mercado e recuperar as perdas do ano; veja como
A Natura (NTCO3) tropeçou feio na última semana após divulgar resultados nada animadores diante de uma economia que dá sinais de fraqueza.
Nas últimas cinco sessões, o papel acumula queda de quase 20%. No ano, a ação derreteu 40%.
Porém, segundo a Ativa Investimentos, em relatório enviado a clientes, a empresa tem condições de “surpreender” o pessimismo dos mercados.
“Por mais que existam riscos de execução e o cenário macro mais conturbado possa vir a pesar, vemos uma boa relação risco x retorno na tese de investimento, já que podemos nos surpreender positivamente com algumas expansões da companhia nos próximos anos”, aponta o analista Pedro Serra.
Ele afirma que segue confiante com o plano estratégico de reestruturação da Avon, que pertence à Natura e manteve suas projeções para os próximos anos.
Além disso, Serra destaca que as recentes quedas do papel após a divulgação do resultado já refletem a piora nas perspectivas macroeconômicas.
A Ativa tem recomendação de compra para a Natura, com preço-alvo de R$ 42,30 para a ação, potencial de alta de 42%.
Resultados
Para o analista, os números do terceiro trimestre vieram mais pressionados do que o esperado, com a companhia apresentando dificuldades em relação à cadeia de abastecimento e sendo negativamente impactada pelas pressões cambiais e inflacionárias, o que afetou sua rentabilidade.
No período, a Natura reportou resultado líquido de R$ 272,9 milhões, queda de 28,5%. O Ebitda, que mede o resultado operacional, somou R$ 819 milhões, com margem de 8,6%, redução de 620 pontos básicos sobre o desempenho de um ano antes.
O presidente-executivo da Natura, Roberto Marques, afirmou que a base de comparação com o terceiro trimestre do ano passado é difícil, dado que o crescimento foi de mais de 20%.
Avenidas de crescimento
Na visão de Serra, a expertise e qualidade da Natura com a utilização das revendedoras em suas operações vai acelerar e auxiliar bastante a recuperação da Avon.
“A complementaridade da aquisição da Avon é algo que chama a atenção. Enquanto a Natura tem um foco em fragrância e no premium, vemos a Avon mais focada em maquiagem e na massa”, diz.
Além disso, a volta à normalidade deve elevar as vendas nos diversos segmentos, em especial por conta da volta das lojas físicas e de uma demanda reprimida de produtos de beleza com o retorno dos mais variados eventos ao redor do mundo.
Outro ponto, a penetração no setor de cosméticos no e-commerce, ainda é pouco explorada pela Natura, lembra. Na pandemia, uma das estratégias foi a criação dos catálogos onlines para as consultoras.
“Vemos essa movimentação como algo que além de aumentar a produtividade das revedendoras pode auxiliar no entendimento dos itens mais procurados, dessa forma melhorando o mix de produtos ofertados”, afirma.
A alavancagem da Natura também impressiona: a companhia saiu de uma cifra de 3,93 vezes no primeiro trimestre de 2020 para 1,18 vezes no último trimestre.
“Devido a isso, a empresa consegue ter recursos financeiros para auxiliar tanto nos investimentos necessários para a Avon”, completa.