Não vamos nunca atingir autossuficiência em fertilizantes, vê country manager da Mosaic; impostos são impasse para Plano Nacional

Para Eduardo Monteiro, country manager da Mosaic, não é possível o Brasil atingir a autossuficiência em fertilizantes.
“O que é possível é melhorarmos substancialmente quando olhamos para nitrogênio, fósforo e potássio. Se você tiver uma política focada para precificação do gás no país, você pode ter um polo petroquímico competitivo, que pode melhorar substancialmente o status do nitrogenados que produzimos 5% e importamos 95%”.
O diretor geral da Mosaic no Brasil defende que a Petrobras (PETR4) é um fator preponderante para esse avanço, a partir da fábrica de Três Lagoas prevista para ficar pronta em 2028.
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“Mas não é o suficiente. Se tivéssemos uma política efetiva de preços de gás para ser competitivo com Estados Unidos ou Ásia, poderíamos melhorar, mas não seria suficiente. Fósforo e potássio é uma questão de mapeamento geológico. O Brasil é amplo, tem minério, mas as reservas aqui, do ponto de vista econômico, é difícil você bater competitividade de países do norte da África, onde você tem rocha sedimentar e não uma rocha ígnea. Aqui você precisa explodir a rocha, e lá eles pegam areia do deserto como fonte básica”, explica.
Apesar de ser um dos maiores produtores mundiais de grãos, o Brasil importa cerca de 85% dos insumos utilizados para produção agrícola.
O problema dos impostos para o Plano Nacional de Fertilizantes
Outra questão importante que pode impactar o Plano Nacional de Fertilizantes, lançado pelo Governo Federal para reduzir a dependência externa, fica por conta da questão tributária.
“O Brasil vinha corrigindo um defeito. Antigamente, por exemplo, nós importávamos do norte da África para o Mato Grosso, e não pagávamos ICMS. E você tinha um produto que saía de Minas Gerais para o Mato Grosso que pagava ICMS. Isso é uma desvantagem competitiva tremenda considerando que o custo de produzir no Brasil já é maior. Algo que estava mudando”.
Neste momento, há um debate para não alterar essa tributação internação. Com isso, a indústria de fertilizantes do Brasil, através das suas associações, passou a defender que não se cobre mais impostos para o importado e nem o nacional.
“Existe um indefinição muito grande sobre esse tema. Um debate que envolve os estados da federação no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), e dependendo do que for decidido, isso pode gerar um impacto significativo para o produtor nacional. Tributar os produtos nacionais só nos afasta de reduzir a dependência. Mas autossuficiente, nunca seremos”, vê.
Monteiro reforça que os bioinsumos são uma vertente importante que pode gerar valor e otimizar o consumo de nutrientes.