Não tem bolsa que aguente: Disparada do Tesouro americano vai continuar?
O crescente prêmio sobre os principais títulos da dívida norte-americana, e da principal taxa de crédito hipotecário, devem justificar uma pausa no aperto monetário do Federal Reserve na reunião de setembro.
O Fed aumentou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de julho, para uma faixa entre 5,25% e 5,50%, um movimento amplamente antecipado por investidores no que é considerado o “último quilômetro” do aperto monetário que dura 16 meses.
Mas a proximidade do fim da alta de juros na principal economia do mundo foi colocada sob suspeição, depois que a ata do Fomc mostrou dirigentes preocupados com um repique da inflação.
Desde então, o prêmio sobre os principais títulos do Tesouro americano esticaram a patamares não vistos desde a crise financeira de 2008. O prêmio sobre as notas de Tesouro de 10 anos de vencimento subiram a 4,248% nesta sexta-feira, de 3,86% aferidos no dia da decisão do Fed; já o prêmio sobre as notas de 2 anos alcançam 4.943%, de 4.827% no dia 26 de julho.
Ainda mais notável foi o avanço na taxa da principal linha de crédito hipotecário dos EUA acima do patamar dos 7%, ponto máximo em mais de 20 anos.
O forte avanço no prêmio sobre os títulos americanos se tornou uma enxaqueca para os ativos de risco. Diante do movimento, as bolsas, que podem oferecer maiores retornos, mas também maiores riscos que as Treasuries, ficaram jogadas para escanteio na semana.
O S&P 500, por exemplo, derreteu 2,5% desde a decisão do Fed, colocando em xeque um movimento de alta que deu a tônica pelos últimos cinco meses.
À Reuters, Krishna Guha, antigo dirigente da distrital do Fed de Nova York, disse que o aumento do prêmio sobre as Treasuries representam um “sério aperto das condições financeiras dentro do quadro de trabalho do Fed” a ponto de justificar pausas nas próximas reuniões.
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“Revolta” do Tesouro chegou ao fim?
Apesar da súbita alta nos dias prévios, 99 de 110 economistas consultados pela Reuters entendem não haver mais espaço para novas altas daqui em diante, à medida que um risco de recessão recua nos EUA.
“O avanço nos prêmios tem sido forte e rápido o suficiente para fazer o Federal Reserve assistir cuidadosamente os desdobramentos no mercado de títulos”, diz Guha.
O ex-dirigente do Fed também destaca um “lado positivo” diante da alta recente do Tesouro americano, que é o efeito de desaceleração que ela pode gerar para a economia, dado o encarecimento dos empréstimos nas principais linhas – fato, ao fim, desejado pelos formuladores de política do Fomc.