Não se impressione com o resultado da SulAmérica, alertam analistas
A SulAmérica (SULA11) mostrou grandes melhorias em seus resultados. Além de um avanço de 91% do lucro líquido, a companhia registrou uma queda recorde do índice de sinistralidade, explicada pela grande redução das frequências de procedimentos eletivos em razão das medidas de isolamento social impostas para impedir a propagação do coronavírus.
O BTG Pactual (BPAC11) reconheceu que esse efeito positivo passará juntamente com a pandemia de covid-19, mas mostrou otimismo sobre a capacidade da SulAmérica de mostrar taxas de perdas ainda melhores.
“Nós acreditamos que a SulAmérica ainda tem espaço para conquistar melhores MLRs (Medical Loss Ratios, em inglês). Com a aprovação da telemedicina no Brasil, a companhia conseguiu expandir suas iniciativas digitais (só em junho, foram mais de 60 mil consultas médicas). A plataforma de saúde coordenada da companhia também alcançou 573 mil beneficiários, ou 25% da base de beneficiários”, comentaram Samuel Alves, Yan Cesquim e Eduardo Rosman, autores do relatório elaborado pelo banco e obtido pelo Money times.
O BTG ficou impressionado com os números reportados pela SulAmérica, embora entenda que boa parte desse desempenho veio por conta das mudanças trazidas pelo coronavírus. Ainda assim, os aspectos recorrentes dos resultados renovaram a aposta sobre o papel.
“Reiteramos nossa recomendação de compra para a SulAmérica, que é a nossa melhor opção no espaço de saúde, oferecendo um valuation relativamente atrativo e um momentum de ganhos robustos”, afirmaram os analistas. O banco também estabeleceu um novo preço-alvo, antes de R$ 48 e agora de R$ 61.
Insustentavelmente bom
Assim como no relatório do BTG, a taxa de perda foi destacada pela XP Investimentos, que também chamou atenção para o crescimento de 5% das receitas. No geral, a corretora recebeu bem o balanço, mas ressaltou que ele não é sustentável.
Na avaliação do Safra, as tendências qualitativas são mais importantes do que os números concretos.
“Os resultados desse trimestre extremamente atípico não devem servir de guia para expectativas futuras, que é o que realmente direcionará o valor da ação”, avaliaram os analistas Ricardo Boiati e Rafael Une. Segundo eles, o rápido desenvolvimento dos canais digitais pode ajudar a controlar o MLR, mas não se pode ignorar que a melhora da taxa de perda da SulAmérica foi mais fraca do que a dos pares no trimestre.
“Devemos ficar de olho na performance dos próximos trimestres para entender as tendências estruturais do MLR da SulAmérica”, complementaram Boiati e Une.
Para a ação, o Safra adotou uma recomendação de market perform (desempenho esperado em linha com o mercado) e preço-alvo de R$ 47,60.
A XP manteve a recomendação de compra e elevou o preço-alvo para R$ 58. A corretora levou em consideração o desempenho de curto prazo melhor do que o esperado e a possibilidade de melhor crescimento a médio prazo. As boas perspectivas no longo prazo foram mantidas.