Internacional

Não são o Expresso do Oriente, mas trens noturnos estão de volta

07 dez 2019, 11:34 - atualizado em 04 dez 2019, 18:14
Porém, com as conexões ferroviárias de alta velocidade que diminuíram as distâncias, companhias aéreas de baixo custo e regulamentos da União Europeia, os trens noturnos se tornaram inviáveis (Imagem: Gabriel Lordêllo/Mosaico Imagem)

Romantizados por filmes como “Assassinato no Expresso do Oriente” e “Moscou contra 007”, os trens noturnos quase desapareceram na Europa. Agora, parte da magia está de volta, mas com um toque moderno.

No século passado, os trens noturnos com cabines de painéis de madeira e lounges luxuosos tinham sabor de aventura, percorrendo a noite toda de Paris a Istambul ou de Londres a Veneza.

Porém, com as conexões ferroviárias de alta velocidade que diminuíram as distâncias, companhias aéreas de baixo custo e regulamentos da União Europeia, os trens noturnos se tornaram inviáveis economicamente, e os trens noturnos perderam o fascínio. Uma a uma, as grandes linhas ferroviárias da Europa terminaram ou cortaram drasticamente os serviços internacionais de trens noturnos.

Agora, com a “vergonha de voar” da ativista ambiental Greta Thunberg, movimento que tornou as pessoas mais conscientes de sua pegada de carbono, a indústria de trens noturnos está passa por um renascimento.

O setor atrai uma nova classe de passageiros – não o pequeno, mas rico grupo de pessoas que viajavam em trens opulentos como o Expresso do Oriente, mas pessoas comuns que viajam a negócios e turistas com consciência climática.

É uma notícia animadora para o engenheiro da Siemens Paul Winkler, que tem desenvolvido trens há 27 anos e acreditava que nunca mais fabricaria outro vagão de trem para a Europa Ocidental.

“Chegamos a um ponto em que pensei: acabou”, disse “As pessoas estavam migrando para aviões e trens diários de alta velocidade. As conexões mais baratas foram encerradas.”

O serviço entre Zurique e Madri foi descontinuado em 2013. As conexões entre Alemanha e Amsterdã, Dinamarca e Paris foram interrompidas em 2014. A italiana Trenitalia interrompeu o serviço Roma-Paris em 2015.

Em 2016, a Deutsche Bahn encerrou as operações de seu trem noturno, enquanto a SNCF da França deixou de operar uma dúzia de trens noturnos. Isso deixou a Europa com trens noturnos com mais de 30 anos, usados principalmente para rotas domésticas.

Agora, um pedido de 200 milhões de euros (US$ 221 milhões) da austríaca Oesterreichische Bundesbahnen-Holding dá nova vida à Siemens. A OeBB, como é conhecida, não está apenas revertendo a tendência, mas também aumentando o número de trens noturnos.

Em 16 de dezembro, a Siemens começará a produzir 13 novos trens noturnos para a OeBB em sua fábrica no distrito de Simmering, em Viena, onde os trens são fabricados desde o boom ferroviário do século 19 no Império dos Habsburgos.

Os trens com o primeiro novo design em seis décadas estarão prontos para testes no fim do próximo ano. O pedido da companhia ferroviária estatal austríaca é o primeiro e único contrato da Siemens com uma empresa do setor na Europa Ocidental nos últimos 15 anos.

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