Internacional

‘Não precisava acontecer’: Pentágono busca respostas para ataque mortal

28 ago 2021, 12:26 - atualizado em 28 ago 2021, 12:26
Afeganistão
“Foi um fracasso em algum lugar”, disse o general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA (Imagem: REUTERS/Saeed Ali Achakzai)

Na noite de quarta-feira, agências de inteligência dos Estados Unidos estavam quase certas de que um ataque era iminente fora do aeroporto de Cabul, acionando um aviso do Departamento de Estado aos cidadãos americanos para deixarem a área imediatamente.

Pouco mais de 12 horas depois, um homem-bomba caminhou em meio à grande multidão até um portão guarnecido por tropas dos EUA e detonou explosivos, matando pelo menos 13 militares dos EUA e 79 afegãos.

Foi um trágico final para a guerra de 20 anos dos EUA no Afeganistão, a maior perda de vidas para os militares americanos no país em uma década, à beira da retirada total das tropas em 31 de agosto ordenada pelo presidente norte-americano Joe Biden.

Uma das perguntas mais urgentes à medida que os militares dos EUA iniciam sua investigação é sobre como o homem-bomba passou pelos postos de controle do Taleban? Por que as tropas dos EUA estavam em um espaço tão concentrado quando sabiam que um ataque era iminente?

“Foi um fracasso em algum lugar”, disse o general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, a repórteres horas depois do ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K).

Mas em algum momento, acrescentou McKenzie, os soldados não tiveram escolha a não ser entrar em contato com as pessoas que tentavam embarcar em voos de evacuação, examiná-los, revistá-los em busca de armas e garantir que não chegassem ao aeroporto caso representassem uma ameaça.

Autoridades americanas, falando sob condição de anonimato, disseram que as condições para o ataque foram definidas com meses de antecedência.

Eles disseram à Reuters que, semanas antes do início da evacuação do aeroporto de Cabul, após a tomada da capital pelo Taleban, os militares vinham buscando aprovação para retirar afegãos em risco do país.

Mas o ritmo lento de processamento e a incapacidade de garantir moradia para os desabrigados em outros países desaceleraram o ritmo das partidas, de acordo com as autoridades. Todos os voos de Cabul chegaram a ser interrompidos por seis horas.

Isso significava que as tropas estavam na linha de frente nos portões do aeroporto em face do caos lá fora.

“Isso não precisava acontecer”, disse um oficial militar dos EUA à Reuters.

“Eles não precisavam morrer.”

Nas próximas horas, os EUA vão voltar sua atenção para a retirada de aproximadamente 5.000 soldados do aeroporto de Cabul — e a Casa Branca disse na sexta-feira que os próximos dias provavelmente serão os mais perigosos da operação.

Militantes do Estado Islâmico já atiraram em aeronaves durante a operação de evacuação, mas tiveram pouco sucesso, de acordo com as autoridades, que acrescentaram que os ataques com foguetes e atentados suicidas se tornarão uma ameaça ainda maior à medida que o número de soldados dos EUA diminuir.

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