Não há motivos para preocupações com o Brasil, diz André Esteves, em Davos
O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, acalmou qualquer preocupação sobre o Brasil durante a sua participação em um painel no Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, Suíça.
Ao comentar sobre o episódio dos ataques contra o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 8 de janeiro, o executivo destacou a rapidez com que as instituições agiram e a mobilização social de repúdio contra os atos antidemocráticos que se instaurou no país.
“Institucionalmente falando, não acho que tenha nenhum risco no Brasil”, disse Esteves.
Desafio no front econômico
Já sobre a frente econômica do novo governo, Esteves disse que ter clareza sobre os planos é um desafio justificado.
“Temos um novo governo, estamos mudando em direção a politicas que são classicamente de orientação de esquerda. Precisamos entender inteiramente o plano todo”, afirmou.
Esteves lembrou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ocupou o cargo atual em outros dois mandatos no Brasil. Segundo o executivo, Lula entende a lógica e a sua responsabilidade e foi “fiscalmente disciplinado” de quem ele era.
“Então, não há motivos para preocupações”, reforçou.
Esteves ressaltou que, por mais que não veja complicações, os mercados vão demandar mais clareza daqui para frente para entender o plano de médio prazo do novo governo. Porém, disse que os fundamentos são relativamente fortes no Brasil, citando anos de reformas estruturais, um mercado em crescimento e a independência do Banco Central.
De acordo com Esteves, o Brasil tem mostrado um bom número do que ele chama de “evoluções” econômicas e institucionais, que estão agora parcialmente precificadas.
“Acho que o novo governo se moverá para outra camada de desenvolvimento”, completou.
Caso Americanas
Esteves evitou falar sobre o caso Americanas. Ontem, o BTG conseguiu que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedesse liminar suspendendo a decisão a favor da Americanas (AMER3) que bloqueava a execução de dívidas por parte dos bancos. Com isso, o banco conseguirá reter R$ 1,2 bilhão em dívidas da varejista.
No documento, o desembargador Flávio Marcelo de Azevedo Horta diz que há necessidade de diligência com o fim de se evitar a utilização do instrumento como meio de fraude a credores.
Considerando estimativas do JPMorgan e do Citi, o BTG tinha exposição de R$ 1,9 bilhão à Americanas, o que representava cerca de 1,5% dos empréstimo.
Segundo a publicação de Lauro Jardim em sua coluna d’O Globo, Esteves teria pedido aos advogados do banco “baixarem o tom ultrabélico” contra o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência da Americanas.
A coluna diz ainda que a determinação que os advogados “pegassem pesado” veio de outros sócios do BTG.