Não há espaço para petróleo extra da Opep, diz CEO da Mercuria
Os mercados globais de petróleo não serão capazes de absorver os aumentos de produção planejados pelos membros da Opep+, já que a demanda continua mais fraca do que o esperado, disse o diretor-presidente da trading de commodities Mercuria Energy.
Os estoques de petróleo têm se acumulado em setembro e não diminuirão o suficiente no restante do ano para estarem em equilíbrio se o cartel continuar com o plano de diminuir os cortes de produção no início do próximo ano, disse Marco Dunand, cofundador e CEO da Mercuria em entrevista.
“Não precisamos do petróleo extra”, disse Dunand na sede da empresa em Genebra.
A previsão, feita por uma das maiores tradings de petróleo independentes do mundo, é ameaçadora para a Arábia Saudita, Rússia e o restante da Opep+, que fizeram cortes históricos na produção neste ano na tentativa de salvar o mercado atingido pela pandemia de coronavírus.
Com o cartel prestes a discutir o afrouxamento de algumas dessas restrições a partir de janeiro de 2021, o alerta de que os estoques se acumulam novamente pode levar a Opep+ a reconsiderar a questão.
Dunand disse que os estoques globais de petróleo aumentaram de 500 mil a 1 milhão de barris por dia em setembro, mas cairão cerca de 1 milhão de barris por dia no quarto trimestre.
“Vemos uma boa quantidade de petróleo indo para os navios, para o armazenamento flutuante agora”, disse. “Estamos enchendo tanques, como armazenamento flutuante e tanques terrestres em setembro”, afirmou. Houve uma desaceleração no processo de reequilíbrio global.”
O atual excesso de oferta é parcialmente culpa da Opep+, que começou a reduzir os cortes de produção em agosto e injetou mais de 1 milhão de barris por dia em um mercado fraco, disse Dunand. O grupo planeja se reunir em 1º de dezembro para decidir se adicionará mais 2 milhões de barris por dia a partir de janeiro de 2021.
“Não acho que o mercado possa aceitar esse petróleo extra”, afirmou.