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‘Não há desde os anos 70 um plano de desenvolvimento’, diz presidente da Abdib

10 ago 2022, 7:26 - atualizado em 10 ago 2022, 7:26
Indústria
A iniciativa privada é responsável hoje por 65% do dinheiro destinado à área, que atraiu R$ 148,2 bilhões no ano passado (Imagem: Pixabay/gusy)

Mesmo com todos os problemas enfrentados nos últimos anos, em especial a falta de um plano estratégico para o desenvolvimento econômico e de uma política de reindustrialização do País, o setor de infraestrutura segue atrativo para investidores internos e externos.

A iniciativa privada é responsável hoje por 65% do dinheiro destinado à área, que atraiu R$ 148,2 bilhões no ano passado. Mais R$ 160,6 bilhões estão previstos para 2022 a 2026, com base nas licitações programadas para esse período.

Ainda assim, para reduzir os gargalos na infraestrutura, o País precisaria de investimentos anuais de R$ 374,1 bilhões até 2032, diz Venilton Tadini, presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). “O setor precisa de um programa que transcenda a participação da iniciativa privada, com maior presença do poder público.”

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O que é preciso para avançar mais na infraestrutura?

O País não tem um plano estratégico de desenvolvimento no médio e no longo prazos desde a década de 1970. Naquele período, chegamos a investir mais de 5% do PIB em infraestrutura e, hoje, não chega a 2%. É preciso que parte importante do Orçamento fiscal seja orientada a investimentos. O primeiro ponto a ser atacado é rearranjar as contas públicas, porque precisamos de um programa de infraestrutura que transcenda a participação da iniciativa privada. Não existe país no mundo que tenha só a iniciativa privada tocando projetos em transporte e logística.

De que forma se faz isso?

É preciso, em primeiro lugar, maior conscientização da sociedade, que é quem elege seus representantes. E esses representantes não têm demonstrado sensibilidade em relação a esse tema. É só verificar a paralisação que houve neste ano de toda a agenda legislativa para cuidar de questões de curto prazo e de interesses específicos. É necessária uma reforma de Estado para melhorar a qualidade dos gastos públicos, e precisamos avançar nas questões regulatórias para alguns setores. E precisamos definir uma melhor estrutura de funding para financiamento.

Como?

O BNDES tem de ser uma instituição de fomento como já foi no passado para estruturar e liberar financiamentos de médio e longo prazo. Precisamos, por exemplo, de debêntures de infraestrutura para atrair investidores institucionais.

No mundo todo está ocorrendo uma reestruturação das cadeias produtivas. Como o Brasil pode se inserir nessas mudanças?

Um pilar importante é ter um processo de reindustrialização e articular a política de crescimento da infraestrutura com o parque industrial interno. Focar na transição energética seria uma forma de ganhar espaço na cena internacional.

Com as eleições, há chance de o País ter uma política industrial para os próximos anos?

Finalizamos uma agenda de propostas que será entregue a todos os candidatos. Entre os pontos do documento de 100 páginas, estão infraestrutura, política industrial, sustentabilidade, segurança jurídica, questão tributária, inovação e distribuição de renda. Parece que o País adormeceu há um longo tempo, e não se atentou para a importância de um planejamento de médio e longo prazo. Todo mundo fala que é importante, mas ninguém faz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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