Não espere efeito sobre os preços do pão com a alíquota zero de trigo e farinha
Nas condições atuais da cadeia dependente do trigo, nenhum grande efeito positivo é esperado para as empresas e, lá na ponta, para o consumidor, com o corte para zero no imposto de importação (II) da commodity e da farinha. No máximo não piorará a inflação do pão e das massas, isso contando com a retomada da valorização do real.
Na prática, dentre a guilhotina que o governo anunciou ontem nas tarifas de importação com o intuito de domar a inflação, o trigo é o único que a elástica demanda brasileira necessita buscar fora, e que tem peso na inflação, na comparação com os outros grupos beneficiados pela medida.
O grão não pagará mais 9% de II da TEC (Tarifa Externa Comum) de países de fora do Mercosul. Mas os preços internacionais aceleraram depois da guerra da Ucrânia, somando às safras em piores condições na América do Norte e Europa.
“Portanto, as cotações anularão o custo menor de importação”, informa o presidente da Abitrigo, que reúne os moinhos, Rubens Barbosa.
No caso da farinha, a alíquota era 10,8%, mas o Brasil não trás nada de outros lugares, a não ser da Argentina, cujo produto já não é taxado por acordos do Mercosul.
Para 2022, segundo Barbosa, o Brasil terá necessidade de importar em torno de 6 milhões de toneladas, alimentados pelas exportações brasileiras estimadas em 3 milhões/t.
O trigo da Argentina, também com alíquota zero na preferência do Mercosul, virá entre 60% e 70% – até agora o País já comprou 2,7 milhões/t. Em 2021, o país se responsabilizou por 87% de todo trigo importado.
Portanto, o rebaixamento total do II do trigo atingirá entre 30% e 40% da origem de terceiros mercados.
Também não consta dificuldades de fornecimento de trigo, de acordo com Barbosa, para o período de julho a setembro, principalmente, apesar dos problemas no Leste europeu e a falta do trigo russo e ucraniano, mas os preços assumem esse viés.