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Não é só o fiscal: Veja outro fator que pressiona o desempenho do Ibovespa (IBOV)

04 jul 2024, 14:19 - atualizado em 04 jul 2024, 14:19
ibovespa
Ibovespa (IBOV)  primeiro semestre complicado e não é só culpa do fiscal e dos juros (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

O Ibovespa (IBOV) enfrentou maus bocados no primeiro semestre de 2024, impactado principalmente pelo adiamento do início dos cortes dos juros nos Estados Unidos, saída de fluxo de estrangeiro, cenário fiscal no Brasil e Selic elevada.

Mas não para por aí. A ausência de ações de tecnologia é outro fator que pesa sobre o índice, comentam analistas ouvidos pelo Money Times.

Roberto Sertã, partner da MAG Investimentos, evidencia que as ações de tecnologia vem conduzindo a boa performance das principais bolsas do mundo. Enquanto isso, o índice brasileiro é composto 50% pela “velha economia”.

Neste cenário, estão os setores financeiro, petróleo, materiais básicos e alguns cíclicos, que Sertã aponta como carentes de temas que levem a um desempenho superior no curto prazo.

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Ele lembra que, em 2020 e 2021, quando a Bolsa brasileira viveu um “boom” de IPOs, houve a entrada de empresas do setor de tecnologia — ainda que não focadas em vertentes como inteligência artificial –, mas que não ocupam grande peso na composição do índice.

“O índice vai ficando cada vez mais com essa cara de velha economia em detrimento de algumas bolsas do mundo. O setor de tecnologia hoje, se eu quisesse ser mais específico, eu diria que ele deve pesar em torno de 1% na Bolsa brasileira. É bem pouco significativo”.

Para ele, a saída de fluxo estrangeiro que vem sendo observada desde o início do ano é um pouco o retrato deste contexto, tendo em vista que o Brasil não tem o setor de tecnologia bem desenvolvido.

“Se a gente quiser não olhar simplesmente para a Bolsa americana, que talvez seja o maior celeiro de tecnologia, a Bolsa de Taiwan, que tem algo em torno de 60%, 70% voltados para tecnologia, ela sobe 30% no ano”.

Sertã aponta que uma mudança de cenário é desafiadora, demanda tempo e investimentos, pois se trata de um setor que tem pouca dependência geográfica e o desenvolvimento tecnológico acaba se concentrando em locais que são “celeiros” para isso, como os Estados Unidos.

Em linha Daniel Gewehr, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, aponta a “arquitetura de mercado” como fator de impacto no primeiro semestre de 2024 do Ibovespa.

O estrategista do BBA explica o que o investidor procurou teses seculares — de alto crescimento, como as techs — que não são encontradas no índice brasileiro, o que ajuda a explicar o desempenho no período.

Onde investir na Bolsa?

Roberto Sertã aponta que o valuation de diversas classes dentro da Bolsa estão bastante descontados e que o setor financeiro, que corresponde a um peso significativo no Ibovespa, também está com muito desconto.

Ainda, o setor de petróleo, materiais de construção e bond proxy são setores com taxa de interna de retorno muito alta, comenta o analista.

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Para o estrategista do Itaú BBA, com fatores domésticos e internacionais pesando sobre o índice, apostar em setores com exposição cambial ao dólar alto é um bom caminho.

Gewehr aponta que empresas com receita dolarizada vão bem nesse cenário. É o caso do setor proteínas, como a BRF, e de petróleo, com exposição do BBA em Prio Petrobras. Além destes, ele destaca utilities e setor elétrico como interessantes para se olhar.

O estrategista explica que o setor de shopping também está interessante, sendo a maneira menos cíclica de comprar exposição ao consumo. Já as construtoras de baixa renda são empresas que com rentabilidade e patrimônio bem altos, acima de 20%, e vão pagar um dividendo crescente e interessante em 2024, 2025.

O setor financeiro também é apontado com positivo em um cenário de desemprego baixo e aumento do crédito ao consumidor, além de ser um setor que paga bons dividendos. No portfólio do BBA, estão nomes como Banco do Brasil BTG Pactual.

Ainda, o analista comenta sobre o setor de papel e celulose, que conta com um valuation interessante, com destaque para Suzano Klabin.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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