Não é só o agro: Outro fator pode piorar ainda mais situação do BB (BBAS3), diz Safra

O Banco do Brasil (BBAS3) sofreu um baque no primeiro trimestre, com queda de 20% no lucro, para R$ 7,37 bilhões. Um dos principais vilões foi o agronegócio, em meio à piora da inadimplência de produtores que entraram em recuperação judicial.
Porém, outro segmento também pode impactar os resultados do banco. Em relatório, o Safra chama atenção para os empréstimos para empresas.
“Acreditamos que o mercado está focando principalmente no risco do agronegócio, dado o recente agravamento evidenciado pelos dados do Banco Central. Ainda assim, pode estar negligenciando uma ameaça bastante relevante neste trimestre: o crédito corporativo”, apontam os analistas.
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De acordo com o Safra, as provisões ligadas a empresas podem se tornar uma fonte ainda mais significativa de pressão sobre os lucros no curto prazo e frustrar ainda mais as estimativas do mercado.
“O crédito corporativo já era um ponto de atenção, mas destacamos o novo índice de inadimplência acima de 30 dias divulgado pelo BB, que mostrou um forte aumento no 1T e pode estar migrando para inadimplência acima de 90 dias no segundo trimestre”, explicam.
Os analistas afirmam que, sob o novo modelo de perda de crédito esperada (ECL, na sigla em inglês), a deterioração da inadimplência de curto prazo teria acionado um nível maior de provisões, dado o critério de “dias em atraso” para migração para o Estágio 2 (30–90 dias) ou Estágio 3 (mais de 90 dias).
“Notamos que o banco provisionou apenas 40% da formação de inadimplência no primeiro trimestre, o que pode indicar que esses créditos já estavam nos Estágios 2 ou 3, uma vez que o BB pode ter classificado proativamente esses NPLs (empréstimos inadimplentes) como de maior risco na transição da Resolução nº 2682 para a nº 4966, no início do ano”, diz o relatório.
A nova resolução do Banco Central, em vigor desde o início do ano, tornou mais duras as regras para classificação de risco de crédito, o que forçou o BB a elevar as provisões contra calotes. Esse movimento foi um dos principais fatores por trás da queda do lucro na primeira etapa de 2025.
Apesar disso, o Safra aponta fatores que podem mitigar o impacto, como amortizações, modelos de compartilhamento de perdas com o governo (como o Pronampe), garantias adicionais e o chamado curing (recuperação de crédito), que devem reduzir as perdas de crédito esperadas (ECLs) e evitar que o BB tenha que provisionar 100% da nova formação de inadimplência.
O que esperar do segundo trimestre do Banco do Brasil?
Para o Safra, o segundo trimestre pode frustrar expectativas já baixas.
Eles destacam que, caso uma parcela relevante dos NPLs de 30 a 90 dias migre para mais de 90 dias e atinja o Estágio 3, e as perdas de crédito esperadas passem a representar cerca de 70% da formação de inadimplência (em vez dos atuais 40%), o maior impacto nas provisões pode vir não do agro, mas da carteira corporativa — com potencial de R$ 2 bilhões em provisões adicionais.
“Isso explica nossa estimativa de perda esperada de crédito de R$ 14 bilhões para o segundo trimestre, com NII (margem financeira líquida) estável em R$ 24 bilhões”, afirma o Safra.
Com isso, a projeção é de lucro líquido de R$ 4,6 bilhões, uma queda de 50% na base anual e 10% abaixo do consenso do mercado, que está em R$ 5,2 bilhões.
“Como referência, projetamos R$ 5,3 bilhões em formação de NPLs corporativos (de um total de R$ 15,7 bilhões), implicando um aumento de +70 pontos-base no índice de inadimplência acima de 90 dias”, conclui o relatório.
O Banco do Brasil divulgará seus resultados no dia 13 de agosto.