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Não é só a ômicron: Preocupações com economia fraca também ajudam a derrubar Bolsa

02 dez 2021, 12:11 - atualizado em 02 dez 2021, 12:11
Mercados alta
A onda vendedora é a mais ampla desde os piores períodos de turbulência causados pela pandemia no ano passado

Com base nas recentes oscilações dos mercados, investidores estão preocupados com muito mais coisas do que apenas com a variante ômicron do coronavírus.

Embora a cepa recém-descoberta tenha sido um dos principais catalisadores da recente queda das bolsas dos EUA, o movimento sob a superfície aponta para preocupações sobre a política do Federal Reserve, inflação, preço das ações, volatilidade no fim do ano e talvez até certa realização de lucros depois de um ano sólido de ganhos.

A onda vendedora é a mais ampla desde os piores períodos de turbulência causados pela pandemia no ano passado, pelo menos segundo um indicador que rastreia ações nas mínimas de 52 semanas em relação aos papéis nas máximas.

“Tanto as manchetes sobre a Covid quanto a percepção de que o Fed vai apertar (a política monetária) em face de um choque negativo na economia estão pesando sobre as ações”, disse Peter Berezin, da BCA Research.

Impacto da delta

Quando a variante delta despontava como preocupação, investidores migraram de ações com foco na reabertura para apostas no segmento fique em casa e papéis de crescimento defensivos.

Desta vez, uma faixa mais ampla do mercado foi atingida – incluindo empresas de tecnologia que deveriam se beneficiar de outras restrições, como Zoom Video Communications e Netflix.

O índice Nasdaq 100 – que subiu 14% durante junho, julho e agosto, meses de ‘pico’ da delta – mostra queda de 3% desde o dia de Ação de Graças, quando a ômicron chamou a atenção dos operadores.

A desaceleração é especialmente perceptível à medida que os rendimentos dos títulos caem, uma tendência que geralmente ajuda investidores a justificarem os altos preços de ações de crescimento, embora também seja sinal de preocupação com as perspectivas para a economia.

“O problema são os ‘valuations’ das ações dos EUA, que foram precificadas para a perfeição e agora enfrentam um mundo visivelmente menos perfeito”, disse Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research.

“Só vamos saber mais sobre a mais recente variante da pandemia em algumas semanas, e os Treasuries de 10 anos enviam um sinal amarelo sobre o crescimento econômico futuro.”

A preocupação de investidores com a inflação ainda prevalece, especialmente que isso obrigue o Fed a aumentar os juros antes que o esperado, o que colocaria a recuperação sob ameaça.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse ao Congresso esta semana que o banco central pode avaliar o término das compras de ativos antes do planejado e, assim, reduzir o estímulo que ajudou a impulsionar o rali recorde das bolsas neste ano.

“O verdadeiro problema é o medo de que o sistema perca liquidez, não tanto a variante”, disse Alicia Levine, chefe de assessoramento de mercado de capitais e ações da BNY Mellon Wealth Management, em entrevista à Bloomberg Television.

A liquidez “realmente impulsionou os mercados nos últimos 20 meses e fez com que todos se tornassem gênios e vencedores. Agora vai ficar um pouco mais complicado.”