Não é só a Latam: Gol pode perder aviões para outra companhia aérea; entenda crise da empresa
Desde que entrou em recuperação judicial, a Gol vem enfrentando problemas com suas concorrentes. A Latam, por exemplo, tentou “tomar” de 20 a 25 aviões da brasileira, que hoje conta com 140 aeronaves em operação.
No entanto, outra empresa pode acabar ficando com parte das aeronaves da Gol. Segundo o site Aviation Week, a companhia aérea americana Avelo Airlines deve receber cinco Boeings 737NG alugados à sua frota proveniente da Gol.
Trevor Yealy, chefe comercial da Avelo, afirma que os aviões chegarão entre maio de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, sendo que a transferência já foi acertada com a empresa de leasing.
“À medida que a Gol trabalhar em seu processo [de recuperação], teremos mais certeza sobre quando exatamente nossas aeronaves sairão de sua frota e serão entregues a nós”, disse em entrevista. “Nossa expectativa é que veremos alguns deles este ano e alguns deles no início do próximo ano, porque depende inteiramente do operador anterior devolvê-los à empresa de leasing no prazo”, completa.
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Em nota, a GOL informa que não possui nenhuma negociação com a empresa Avelo.
“A Companhia reforça que está em processo de renovação de frota, amplamente divulgado nos seus últimos comunicados ao mercado, e segue com devoluções e recebimentos previstos para 2024. Os Boeing 737 NG estão sendo substituídos por modelos Boeing 737 MAX8, que consomem 15% menos combustível e são peça chave para a meta de neutralização de emissões de carbono. Entre dezembro e janeiro, a GOL recebeu 5 novas aeronaves MAX 8, que já estão em operação.”
Gol acusa Latam de concorrência desleal
A Justiça dos Estados Unidos aceitou nesta semana, de forma parcial, o pedido da Gol (GOLL4) sobre a demanda da sua concorrente no mercado aéreo, Latam.
Veículos como o Valor Econômico informaram que a Gol acusou a Latam de tomar uma ação predatória para obter aeronaves, pilotos e lessores — empresas que arrendam as aeronaves, como bancos e financeiras.
Entenda a recuperação judicial da Gol
No final de janeiro, a Gol protocolou um pedido voluntário de recuperação judicial nos Estados Unidos, com a intenção de se proteger por meio do Chapter 11.
A empresa aérea afirma que a reestruturação de suas dívidas conta com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões, na modalidade “debtor in possession” (DIP).
A principal vantagem dessa modalidade de crédito é permitir que a empresa receba dinheiro novo, sem oferecer garantiasem contrapartida. Com isso, pode preservar sua estrutura e manter as operações.
A companhia terminou o terceiro trimestre de 2023 (dados mais recentes) com uma dívida bruta de R$ 20,2 bilhões. A cifra é 14% menor que os R$ 23,5 bilhões que devia um ano antes, mas, ainda assim, bastante desconfortável para um negócio que fechou o trimestre com R$ 993,7 milhões em caixa, um prejuízo líquido recorrente de R$ 286,7 milhões e um ebitda recorrente de R$ 1,25 bilhão.
Além disso, a parcela de dívida que vence no curto prazo (isto é, dentro de 12 meses) subiu 3,5 ponto percentual, de 7,6% para 11,1%. Considerando-se apenas as dívidas financeiras de curto prazo, pelos critérios do IFRS-16, houve uma disparada de 32,5% no intervalo de um ano, passando de R$ 869,4 milhões para R$ 1,152 bilhão.
Poucos dias depois, a B3 (B3SA3) excluiu os papéis da Gol de todos os índices, incluindo o Ibovespa, o principal da bolsa brasileira.
De acordo com o Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da B3, empresa em recuperação judicial não pode integrar os índices.
*Com Márcio Juliboni, Pedro Pligher e Vitória Pitanga