Não compre ações da B3, a dona da Bolsa, diz Santander (simples assim)
A empolgação do início do ano com as promissoras perspectivas do mercado de ações impulsionou o volume negociado na Bolsa e, por tabela, as receitas da B3 (B3SA3). Mas, isso ficou para trás, arrasado pelo coronavírus, e não é hora de comprar os papéis da dona da Bolsa.
A avaliação é do Banco Santander (SANB11), em relatório assinado por Henrique Navarro. Sua recomendação é de manutenção dos papéis, com preço-alvo de R$ 53. Isso significa um potencial de alta de 32% sobre o fechamento desta quarta-feira (15).
Embora seja um número tentador, o Santander frisa que é hora de cautela. O motivo é a incerteza sobre como ficará o volume diário de negociações, após o pico da pandemia de coronavírus. Também não se sabe quanto os investidores exigirão de retorno para adquirir os papéis.
“Novo normal”
Navarro calcula que o volume diário se estabilize em R$ 20 bilhões, chamado de “novo normal”, abaixo dos R$ 29 bilhões com que iniciou o ano, mas dentro daquilo que o analista projetava em novembro do ano passado.
O analista admite que, diante do apetite dos brasileiros pela Bolsa no início de 2020, pensou em elevar a expectativa. “Quando estávamos prontos para aceitar a derrota e fazer alguma coisa (ou seja, ajustar humildemente nossas estimativas, a realidade nos picou novamente, com o surto de Covid-19”, diz.
O relatório acrescenta que, como o mercado acionário representa 31% das receitas da B3, para cada R$ 5 bilhões de aumento no volume diário negociado, o preço-alvo pode subir R$ 3 por ação.
Exigentes
O problema é que, diante da crise econômica gerada pela pandemia e da aversão ao risco, os investidores estão cobrando mais retorno para comprar ações.
O Santander estima que as ações possam cair 17% para apenas 1 ponto percentual de alta (para 12,7%) no Ke (o custo de capital para o acionista), que representa a remuneração esperada pelo investidor.
O banco não afasta essa possibilidade, já que um dos componentes do Ke é o risco-Brasil, que deteriorou com o agravamento da pandemia. Logo, como ainda não se sabe o que vai prevalecer (a alta do volume negociado ou o maior retorno exigido pelos investidores), o melhor é esperar.