Na sabatina de Lula no JN, o que chamou a atenção foi a postura dos entrevistadores

O ex-presidente Lula compareceu ontem à noite na bancada do Jornal Nacional para apresentar-se, mais uma vez, como candidato à Presidência da República. Mas o que chamou a atenção foi a postura dos entrevistadores.

Aos olhos do mercado financeiro, os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos pareciam mais amistosos em relação ao observado na sabatina do presidente Jair Bolsonaro no início da semana. Além da mudança de tom dos entrevistadores e na linguagem corporal, especialistas perceberam nuances mais sutis na entonação das perguntas.

Tudo isso representou um ponto a mais para o candidato à reeleição. “A mudança de postura dos apresentadores torna o resultado obtido por Bolsonaro na segunda-feira ainda maior”, comenta o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, em relatório matinal.

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Amigos, amigos…

Ainda assim, o clima mais ameno na bancada permitiu a Lula passar vários recados, em meio a uma sabatina densa em termos de conteúdo. Nesse caso, algumas linhas de argumentação foram sólidas e bem-sucedidas, outras nem tanto.

“Ele tem uma habilidade indiscutível para falar e dominar a mesa de conversa. Seu poder de discurso segue impecável. Porém, segue com pontos fracos escancarados em temas sensíveis ao eleitor indeciso”, avalia o estrategista da BGC, Juliano Ferreira, também em comentário.

Contudo, Lula buscou conexão direta com o público. “Tendo passado por intenso treinamento de mídia nos últimos dias, Lula ignorou as perguntas mais incisivas dos entrevistadores e optou por se voltar às câmeras, diretamente, em diversos momentos”, observa o analista político da Levante Investimentos, Felipe Berenguer.

Portanto, Lula deve dar trabalho a Bolsonaro em debates. Coincidência ou não, o atual presidente da República decidiu cancelar a participação no debate da Band, o primeiro na TV, marcado para domingo (28).

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Porém, o candidato à reeleição também pode aproveitar para explorar temas sensíveis, como a corrupção na Petrobras e a Operação Lava Jato, para atrair eleitores indecisos.

“O candidato do PT admitiu os casos de corrupção na Petrobras, disse que o governo Dilma cometeu equívocos, além de dizer que a Lava Jato ocorreu porque no seu governo houve autonomia para a Polícia Federal investigar”, enumera a CM Capital, em relatório.

Para a equipe de pesquisa da corretora, o tom das respostas do ex-presidente foi para tentar alcançar os eleitores não petistas. Também houve a intenção de tentar captar votos da classe média. “Se houve êxito ou não, somente as próximas pesquisas poderão dizer”, completa a CM.

Já a Necton Corretora afirma que Lula se enrolou ao tratar dos “incontáveis” casos e condenações ocorridos nos governos petistas. “Lula tenta, a todo custo, passar a imagem de ‘bom moço’ e se ‘desvincular’ dos efeitos nocivos que causaram a maior recessão da história do Brasil ao longo dos 13 anos de governo do PT”, comenta, em relatório.

Negócios à parte

De um lado, Lula reforçou a aliança com o vice na chapa, Geraldo Alckmin, tendo como objetivo sinalizar um tom de moderação. De outro, reconheceu erros do governo Dilma.

Entre eles, a desoneração fiscal excessiva e a política de preços dos combustíveis, que prejudicou a saúde financeira da Petrobras. “Porém, Lula também afirmou que não pretende seguir com a política de paridade internacional e formulará um novo modelo considerando os custos nacionais e não os preços internacionais”, observou a Terra Investimentos.

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