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Na permanente entressafra do leite, o consumidor que quiser marca mais barata fica sem beber

05 jul 2022, 10:20 - atualizado em 05 jul 2022, 10:22
Agronegócio-Vaca-Leite
Produção de leite já vem apertada pelos custos desde antes da alta sazonal de 2022 (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Guardadas as devidas proporções do perfil produtivo e de oferta tradicionais, o leite está parecido ao café, ambos sobem exponencialmente. A diferença, penosa para o consumidor, é que o lácteo é gênero de primeira necessidade e o outro não, e com muito menos opções de preços menores.

Pior ainda é que o café ainda possui uma grade de marcas de combate – rótulos mais baratos, as vezes de um mesmo grupo – e mais opções na gôndola, ao passo que o leite é muito mais engessado, mesmo em regiões onde o consumo é maior embora de fraca produção, como São Paulo. E também acompanham as altas, muito acima do poder de compra da população que se retrai, com nas últimas pesquisas.

Se o consumidor quiser correr dos preços, acaba sem beber.

Uma caixa de UHT (longa vida) de R$ 8 a R$ 9, no Brasil, com as poucas marcas mais baratas, e de qualidade abaixo da média, em torno dos R$ 6,50, estão consideradas muito acima do que seria a realidade de uma entressafra normal, quando a captação dos laticínios cai pela menor produção invernal.

Mas a Embrapa Gado de Leite lembra que a entressafra setorial se arrasta independente das estações do ano.

O custo de produção subiu demasiadamente desde início do ano passado, acumulando mais de 60% de aumento em cinco anos, e os gastos com alimentação das vacas, portanto, foram sendo cortados pelo produtor.

A oferta, por consequência, vem mais apertada e os preços pagos ao produtor, mesmo em alta, não cobrem as despesas.

“O volume de leite adquirido no primeiro trimestre deste ano foi o equivalente ao observado em 2017, o que significa que a indústria regrediu cinco anos em termos de captação de leite”, explica o pesquisador Glauco Carvalho.

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