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Na Mobly, cliente pode fechar compra no próprio celular. “Agora é hora de crescer”, diz CEO

10 ago 2021, 15:22 - atualizado em 11 ago 2021, 7:13
O foco da Mobly, que atua no setor de Móveis & Decoração, é melhorar a experiência do consumidor, com uso de “prateleiras infinitas”, que têm proporcionado receitas cada vez mais robustas à companhia (Imagem: Divulgação/LinkedIn/Mobly)

A Mobly (MBLY3) se apresentou ao mercado financeiro no final de 2020 como o aplicativo líder no segmento de decoração, e não demorou muito para que a companhia listasse suas ações na B3 (B3SA3), a Bolsa brasileira. Em fevereiro, o IPO acabou rolando e no dia de estreia as ações da Mobly decolaram mais de 25%.

A maior companhia de home & living manteve seu posto de liderança, com uma base crescente, de 1,03 milhão de clientes ativos, e aplicativos instalados em aproximadamente 550 mil dispositivos móveis, no final de julho.

O forte posicionamento de mercado é evidenciado pelos mais de 1 milhão de clientes ativos (em 30 de junho de 2021) e um total de mais de 321 mil pedidos apenas no segundo trimestre de 2021, dos quais são considerados clientes ativos apenas aqueles que realizaram e tiveram seus pedidos despachados ou entregues.

“A maior parte do mercado de Móveis & Decoração no Brasil ainda continua no mundo físico. Hoje, pouco mais de 10% do mercado de fato está no ambiente virtual”, comenta o CEO da Mobly, Victor Noda, em entrevista ao Money Times.

A receita operacional líquida da Mobly foi de R$ 175,7 milhões no 2° trimestre, 38,6% maior do que um ano antes. Ao comparar com o momento anterior à pandemia de Covid-19, no 2° trimestre de 2019, a receita atingiu crescimento de 95%.

O GVM (Gross Merchandise Value, importante métrica para empresas de varejo e e-commerce, permitindo medir a quantidade de transações em reais que ocorrem em um período específico de tempo dentro da plataforma) ficou estável na comparação com o ano passado, efeito do endurecimento de medidas restritivas durante um período de pico da pandemia.

Mobly driblou a pandemia com sua forte presença no online e agora o desafio está pautado na reabertura do varejo físico, com a consequente desaceleração do e-commerce (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Mas, quando o saldo de R$ 247,4 milhões é confrontado com o 2° trimestre de 2019, há um avanço de 90% no indicador.

No início de agosto, a Mobly informou ao mercado sobre a inauguração do novo outlet na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo. A construção está alinhada à estratégia da companhia de melhorar a experiência do consumidor, com serviços de “prateleira infinita”.

O Money Times teve oportunidade de bater um papo exclusivo com CEO da Mobly, Victor Noda, para abordar justamente às estratégias da companhia, posicionamento de mercado e para comentar sobre o desempenho durante o 2° trimestre, com a divulgação de resultados após o fechamento do mercado na véspera (09).

Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Money Times:

Money Times: Tomando por gancho a inauguração do outlet em Jundiaí, como se dá a estratégia de atendimento multicanalidade da Mobly em meio à jornada de experiência do consumidor?

Victor Noda: O nosso site tem uma performance muito forte em nossas lojas, afinal criamos uma jornada de compra ao consumidor que dialoga muito bem o mundo físico com ao meio digital. Cerca de 40% do que é comprado nas lojas da Mobly sequer está exposto no mostruário. No caso, o cliente está apenas usando a plataforma digital para interagir com o produto. Após seis meses da inauguração das lojas, observamos que, em um raio de 5 quilômetros ao redor da unidade, as vendas online aumentam em 20%.

Cerca de 40% do que é comprado nas lojas da Mobly sequer está exposto no mostruário. No caso, o cliente está apenas usando a plataforma digital para interagir com o produto, destaca o CEO da Mobly Victor Noda (Imagem: Divulgação/Mobly)

Mesmo que um cliente se desloque para uma de nossas lojas, o consumidor pode ter uma experiência de compra totalmente autônoma, usando o próprio celular ou totens e tablets que temos espalhados pela unidade, com nosso Wi-Fi, e interação via QR Code. É possível fechar a conta no próprio celular, simples assim. Claro que, também dispomos de vendedores no local, caso o cliente deseje uma experiência mais tradicional e com acompanhamento presencial da prateleira ao caixa.

Money Times: Com 777,8 milhões levantados no IPO, quais projetos já estão no horizonte próximo da Mobly? Novas regiões em vista?

Victor Noda: Temos mais regiões em nossa estratégia de diferentes formas. Em termos de expansão de lojas físicas, por enquanto continuamos muito focados no Estado de São Paulo. Neste último trimestre, inclusive, tivemos duas inaugurações na região: a mega store em Campinas e o agora o outlet em Jundiaí.

No momento, temos mais duas lojas de grande porte em construção: mais uma na Marginal do Rio Pinheiros, na capital paulista, e uma na região da Rodovia Anchieta para  atender a região do ABC (grupo de cidades da Região Metropolitana de São Paulo).

Em 2022, já estamos de olho em cidades chave fora do eixo paulista, como: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Paralelamente, estamos montando um CD [Centro de Distribuição] na Região Nordeste. Nosso foco é ter um frete mais barato e um prazo de entrega mais curto.

Money Times: Analistas de mercado esperam uma desaceleração do e-commerce no 2T21 diante da forte base de comparação. No caso da Mobly, quais são as perspectivas do comércio eletrônico nas operações da empresa?

O e-commerce de móveis em junho foi 50% menor do que no ano passado, segundo dados da Mastercard. Ainda assim, a Mobly manteve um resultado satisfatório no período, enfatiza o CEO (Imagem: Divulgação)

Victor Noda: A partir de meados de abril, quando o varejo físico voltou a abrir com menos restrições, principalmente em São Paulo, realmente vimos a demanda do e-commerce desacelerar, com queda no volume de buscas online. Ainda assim a Mobly manteve um resultado satisfatório.

O GMV no período via Website cedeu apenas 9,2% e via Marketplace caiu 14,6% quando comparados com 2020. Segundo dados divulgados pela Mastercard, o e-commerce de móveis em junho foi 50% menor do que no ano passado. Talvez o terceiro trimestre deste ano seja mais desafiador em termos de GMV, pois coincide com os picos da pandemia em 2020.

Money Times: Nos últimos balanços da Mobly, as receitas tiveram forte expansão, mas indicadores importantes como lucro e Ebitda ficaram pelo caminho. A chave virou agora?

Victor Noda: Quando apresentamos nosso plano lá no IPO aos investidores, já tínhamos em mente em primeiro acelerar o crescimento, ou seja, pegar a oportunidade de ganhar mercado à Mobly, dado que somos uma empresa super jovem, então sabemos que não é a hora de fazermos o lucro agora. No 2° trimestre, a Mobly teve Ebitda ajustado negativo de R$ 6 milhões e prejuízo líquido de R$ 17 milhões.

Dentro de tal visão, entendemos que neste primeiro ano pós-IPO não estamos focados em Ebitda [lucro antes de impostos] e lucro líquido, que devem ter saldo negativos no ano. Claro que, sempre com muito cuidado. Entretanto, a partir de uma escala maior e tendo aumentado nosso marketshare [participação de mercado] de lojas físicas — que trazem uma rentabilidade muito grande –, buscaremos tal rentabilidade já em 2022.

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Resultado das empresas na B3 no 2° trimestre: