Na mira de Trump: O que esperar do tarifaço na União Europeia
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Na semana passada, Donald Trump tentou dar início ao seu tarifaço, que inicialmente atinge México e Canadá, impondo um aumento das tarifas de importação sobre seus maiores parceiros comerciais.
Como esperado, ele também promete novas tarifas para a China. No entanto, esses movimentos já estão precificados pelo mercado no curto prazo. Agora, a atenção se volta para o impacto do tarifaço sobre a União Europeia (UE), cuja taxação Trump prometeu anunciar ainda esta semana.
Tarifaço na Europa
As recentes ameaças do presidente norte-americano de impor novas tarifas sobre produtos da União Europeia aumentam a tensão econômica e a incerteza. O objetivo de Trump é proteger a indústria dos Estados Unidos, especialmente o setor automotivo, mas a medida ameaça a já frágil coesão interna da UE, uma vez que os estados-membros possuem diferentes graus de exposição ao comércio com os EUA.
Países como a Alemanha, altamente dependente das exportações de automóveis para o mercado americano, enfrentam maior pressão para buscar soluções diplomáticas, enquanto nações menos expostas podem adotar uma postura mais resiliente. Além disso, a indústria alemã já está em contração, o que agrava ainda mais o cenário para a maior economia da UE.
Diante dessa ameaça, a União Europeia busca uma estratégia de negociação direta com Trump, na esperança de evitar um conflito tarifário mais amplo.
A Comissão Europeia tende a adotar uma abordagem diplomática, oferecendo concessões seletivas em setores menos sensíveis, a fim de preservar a unidade do bloco — uma estratégia semelhante à adotada pelo Canadá e México.
No entanto, essa abordagem é desafiadora, pois cada concessão pode gerar tensões internas entre os Estados-membros, especialmente se for percebida como benéfica para alguns países em detrimento do bem-estar coletivo.
Como a China está lidando com as tarifas
A resposta cautelosa da China às tarifas impostas pelos EUA em ocasiões anteriores oferece um paralelo relevante. Embora Pequim tenha adotado medidas de retaliação pública, também optou por soluções diplomáticas para minimizar prejuízos econômicos significativos.
Esse comportamento sugere que a UE pode seguir uma estratégia semelhante, buscando um equilíbrio entre firmeza e pragmatismo para mitigar os impactos econômicos sem desencadear uma guerra comercial de grandes proporções.
Reflexos das tarifas de Trump no mercado financeiro
A expectativa é de maior volatilidade, especialmente nos setores automotivo e industrial europeus, à medida que as negociações avançam. O impacto inicial tende a ser negativo, com queda nos preços das ações de empresas altamente expostas ao comércio transatlântico.
Diante desse cenário, investidores devem buscar ativos de refúgio, como o dólar americano, o ouro e títulos do Tesouro dos EUA, o que pode pressionar as moedas europeias, especialmente o euro, refletindo diretamente no índice DXY.
As multinacionais, por sua vez, podem reconsiderar suas cadeias de suprimento para mitigar riscos, o que pode levar a uma reorganização das operações globais.
Essa mudança beneficiaria mercados emergentes que oferecem alternativas logísticas ou incentivos fiscais mais favoráveis. Além de afetar a competitividade das indústrias europeias, essa dinâmica pode ter impactos na economia global, ao alterar fluxos comerciais estabelecidos e aumentar os custos de produção.
O momento é de espera
Se as tarifas forem implementadas em larga escala, o crescimento econômico global poderá ser impactado negativamente, devido à contração do comércio internacional e ao aumento dos custos para produtores e consumidores.
A incerteza sobre o futuro das relações comerciais entre EUA e UE tende a influenciar não apenas as decisões de investimento, mas também a confiança dos consumidores e a estabilidade financeira de diversas regiões, incluindo o Brasil.
O cenário atual é de expectativa. Ainda não está claro quais setores serão diretamente afetados pelo tarifaço nem qual será a resposta da UE. No entanto, o recuo de México e Canadá, que adotaram uma postura proativa nas negociações, fornece um indicativo do possível caminho europeu.