Internacional

Na maior feira de comércio da China, exportadores se preocupam com economia mundial

17 abr 2023, 8:27 - atualizado em 17 abr 2023, 8:27
China. Feira Comércio. Internacional
A piora das perspectivas para os trabalhadores nas indústrias manufatureiras levantará preocupações entre as autoridades, que almejam 12 milhões de novos empregos em toda a China este ano, ante a meta de 11 milhões do ano passado (Imagem: REUTERS/Ellen Zhang)

Os exportadores chineses que exibem seus produtos na maior feira comercial do país disseram que a fraqueza da economia global está prejudicando seus negócios, com muitos investimentos congelados e alguns cortes nos custos trabalhistas em resposta.

O clima na Feira de Cantão, na cidade de Guangzhou, no sul, sugere que o salto inesperado das exportações da China em março pode ter refletido o fato de os exportadores estarem recuperando os pedidos atrasados no ano passado pelas restrições da Covid, em vez de uma força econômica renovada.

O primeiro grande evento comercial desde que a China abandonou abruptamente as restrições contra a Covid e reabriu suas fronteiras ocorre quando os custos de empréstimos acentuadamente mais altos nos Estados Unidos e na Europa atingem a demanda por produtos fabricados na China.

  • Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!

Kris Lin, representante da fabricante de luzes de Natal Taizhou Hangjie Lamps, disse que os pedidos deste ano até agora caíram 30% em relação ao ano passado.

“As dificuldades do ano passado vieram de interrupções de logística e produção, mas o governo local ajudou a resolver os problemas. Isso foi uma questão interna. Agora temos problemas externos. Não podemos resolvê-los”, disse Lin.

“Este ano será o mais difícil para nós”, disse ele, com os custos de eletricidade mais altos causados pela guerra na Ucrânia reduzindo ainda mais a demanda por suas decorações.

Lin disse que a empresa não pode vender a preços mais baixos, mas pode tentar reduzir os custos trabalhistas. A empresa conta com trabalhadores contratados que são liberados de setembro a outubro, após a entrega dos pedidos de Natal.

“Se os pedidos estiverem fracos este ano, liberarei meus trabalhadores mais cedo.”

Huang Qinqin, diretora de vendas da Zhong Shan Shi Limaton Electronics, produtora de exaustores, pensa de forma semelhante sobre cortar custos depois que os pedidos caíram pela metade no primeiro trimestre.

“Em nossa fábrica, os trabalhadores vêm trabalhar quando há pedidos”, disse Huang. Isso costumava significar horas extras mesmo nos fins de semana, mas é mais comum este ano os trabalhadores tirarem folga nos finais de semana, disse ela.

A piora das perspectivas para os trabalhadores nas indústrias manufatureiras levantará preocupações entre as autoridades, que almejam 12 milhões de novos empregos em toda a China este ano, ante a meta de 11 milhões do ano passado.

Dezenas de fornecedores chineses disseram à Reuters que não pretendem gastar muito para melhorar as linhas de produção este ano, dada a demanda fraca.

“Não temos planos de aumentar o investimento”, disse Luna Hou, representante de vendas da Topgrill, que fabrica churrasqueiras externas e reduziu os preços em 5% para atrair compradores.

Vicky Chen, gerente de comércio exterior da produtora de soquetes Qinjia Electric, disse que não espera um grande aumento nas vendas da feira, que vai até 5 de maio.

“Toda a economia global está indo mal no momento, e a feira não vai mudar isso.”