Na liderança do Ibovespa, Embraer (EMBR3) dispara 8% e renova máxima histórica; por que os papéis sobem hoje?

O tom negativo do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, parece não fazer diferença para as ações da Embraer (EMBR3) nesta terça-feira (23). 

Depois de um tombo de 7% na véspera, os papéis da fabricante de aeronaves lideram os ganhos do Ibovespa e zeraram as perdas do dia anterior. Durante o pregão, EMBR3 atingiu máxima com alta de 8,63%, a R$ 41,93 — renovando maior preço de tela na história. As ações fecharam a R$ 41,87 e a companhia ganhou mais de R$ 2,5 bilhões em valor de mercado apenas neste pregão — a R$ 31 bilhões. 

A recuperação é, em parte, por novidades na companhia. A Embraer confirmou a venda de seis aeronaves modelo A-29 Super Tucano para a Força Aérea do Paraguai. O anúncio foi feito durante o Farnborough International Airshow, na Inglaterra. 

A novidade, na avaliação do Citi, é positiva. “Embora o avião de transporte Millennium C-390 da empresa tenha capturado mais atenção do segmento de defesa, o pedido de hoje do A-29 parece refletir a forte profundidade e amplitude da base de produtos da Embraer”, afirmam os analistas do banco.

Os valores não foram divulgados. As entregas, de acordo com a empresa, estão previstas para a partir de 2025.

Mais cedo, a companhia também reiterou que tem potencial para alcançar US$ 10 bilhões em receita até 2030 com o portfólio atual.

Mas não é só isso. Os papéis avançam com a valorização do dólar — um dos motivos para Embraer ser a ação com maior alta do Ibovespa no acumulado do ano — e após o BTG Pactual reiterar a recomendação de compra. 

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É hora de comprar Embraer (EMBR3)? 

Para o BTG, as ações da Embraer estão sendo negociadas a um múltiplo de 7,5x valor de mercado/Ebitda para 2025 (EV/Ebitda), o que é abaixo dos seus principais pares na indústria — e “injustificável”, na visão dos analistas.

O preço-alvo para os recibos de ações (American Depositary Receipts; ADR) da Embraer é de US$ 32 — o que representa um potencial de valorização de 15,4% em relação ao preço de fechamento de ontem (22). 

No relatório, o BTG destaca que a companhia firmou um contrato com o Ministério da Defesa da Holanda para a aquisição de nove aeronaves C-390 Millennium na véspera, também durante Farnborough International Airshow, na Inglaterra. 

Mesmo assim, as ações caíram 7% na véspera. Para os analistas, a queda foi atrelada ao fato de que o mercado já tinha precificado o pedido após ampla cobertura da mídia. 

Além disso, o tombo dos papéis “provavelmente aconteceu por conta das expectativas excessivamente otimistas dos investidores em relação a novos contratos, levando a suposições exageradas”, escreveram os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi. 

Na visão deles, a assinatura do acordo significa que a aeronave agora pode ser incluída no backlog do terceiro trimestre da empresa. 

“Assumindo um preço unitário de aproximadamente US$ 110 milhões e uma margem Ebitda de 10%, estimamos que o pedido significará em torno de US$ 1 bilhão em receita e US$ 100 milhões em Ebitda”, afirmam os analistas.