Internacional

Na caça aos ricos do Vale do Silício, Wall Street encara novatas

13 jan 2020, 14:24 - atualizado em 13 jan 2020, 14:24
Mercados wall street
O conflito cultural entre empresários e banqueiros é evidente mesmo nas roupas (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

Tracey Warson deixou Nova York com uma missão.

A responsável pelo braço de private banking do Citigroup na América do Norte mudou-se para São Francisco no ano passado para cortejar o crescente grupo de empresários abastados e novos milionários da chamada Bay Area.

“Há uma energia diferente aqui”, disse Warson. “Em Nova York, você sente a energia dos mercados; aqui, você pode sentir a tecnologia e a inovação.”

Muitos de seus concorrentes também perceberam essa “vibe”. Bank of America, Morgan Stanley, Deutsche Bank e JPMorgan estão entre os bancos de Wall Street que reforçaram as equipes de gestão de patrimônio no norte da Califórnia, acrescentando funcionários e recursos ao mercado em rápido crescimento.

Mas, mesmo com a expansão na área da Baía de São Francisco, os grandes bancos geralmente se veem como “forasteiros”. Em uma cidade que valoriza muito a transformação e o pensar diferente, Wall Street ainda é considerada “velha guarda”, segundo o capitalista de risco Arjun Sethi.

O conflito cultural entre empresários e banqueiros é evidente mesmo nas roupas, disse.

“Aqui, no Vale, se você for encontrar alguém de terno e gravata, sentirá como se estivessem te vendendo óleo de cobra”, disse Sethi, que gosta de usar jeans e moletons.

Apesar das roupas discretas, a região está cheia de dinheiro. Nos 12 meses até setembro, mais da metade dos US$ 122 bilhões em investimentos de capital de risco feitos nos EUA foram para empresas da Baía de São Francisco e do Vale do Silício, de acordo com a PricewaterhouseCoopers.

Além disso, há os IPOs.

Quatorze empresas da região de São Francisco que abriram capital no ano passado levantaram mais de US$ 15 bilhões, lideradas pelos US$ 8,1 bilhões do Uber e pela Lyft, que captou US$ 2,3 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ao incluir as outras 16 empresas da Bay Area que abriram capital, o valor salta para mais de US$ 20 bilhões.

“Quem está no negócio sabe que é aqui que a riqueza está sendo criada”, disse Christine Leong, chefe da divisão de gestão de patrimônio do JPMorgan no norte da Califórnia, que administra US$ 15 bilhões na área da Baía de São Francisco.

“Queremos assegurar que estamos bem posicionados e ajudamos a assessorar esses empreendedores desde o início”. Na mineração dessa riqueza, os bancos de Wall Street enfrentam dezenas de empresas de boutique.

Algumas são locais, como a Hall Capital Partners, de São Francisco. Outros foram abertas por assessores que saíram de grandes bancos. A Iconiq Capital, por exemplo, foi aberta pelo ex-banqueiro do Goldman Sachs Divesh Makan, cujos primeiros clientes incluíam Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jack Dorsey, do Twitter.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.