Agronegócio

Na batalha do milho, Brasil tem levado a melhor sobre os EUA

12 nov 2019, 23:38 - atualizado em 12 nov 2019, 23:38
Com uma supersafra e real mais fraco, o Brasil mais que dobrou as exportações do grão até outubro, e os números apontam para outro recorde este mês (Imagem: Waldo Swiegers/Bloomberg)

Há alguma luz no fim do túnel para exportadores de milho dos Estados Unidos: os embarques recordes do Brasil começam a desacelerar e a colheita do Meio-Oeste americano, afetada pelo clima, está avançando.

Com uma supersafra e real mais fraco, o Brasil mais que dobrou as exportações do grão até outubro, e os números apontam para outro recorde este mês. Isso tem tirado participação de mercado dos EUA, onde atrasos na colheita impulsionaram os preços domésticos e reduziram a competitividade.

Embora os altos prêmios do Brasil devam continuar até dezembro, o jogo deve ficar mais equilibrado depois desse período, com o foco dos exportadores na soja e na aceleração da colheita atrasada nos EUA, segundo a consultoria AgRural.

Ray Young, diretor financeiro da Archer-Daniels-Midland, disse durante teleconferência sobre o balanço do terceiro trimestre que o milho americano ficará um pouco mais competitivo no primeiro trimestre. Provavelmente será um bom período, segundo ele, no qual os agricultores dos EUA vão tentar vender mais milho para liberar espaço para o ano que vem.

Batalha do milho: Preços dos EUA e do Brasil para os contratos de janeiro estão nivelados (em branco, preço do porto de Paranaguá; em azul, preço em Nova Orleans) 

(Imagem: Bloomberg)

Os preços de exportação do milho dos EUA e do Brasil são quase equivalentes para os embarques em janeiro, segundo dados da Commodity 3, sinalizando uma recuperação das exportações americanas naquele mês.

O tempo dessa recuperação depende do cenário para o milho safrinha. Atrasos na semeadura de soja também podem adiar o plantio da safrinha, estendendo o período de competitividade dos EUA, disse o CEO da ADM, Juan Luciano, na mesma teleconferência.

Milho
Os preços de exportação do milho dos EUA e do Brasil são quase equivalentes para os embarques em janeiro (Imagem: REUTERS/Henry Romero)

Ainda assim, recuperar a participação perdida para o Brasil não será fácil, de acordo com a ARC Mercosul, que estima exportações de 43 milhões de toneladas do Brasil na temporada encerrada em fevereiro, em comparação com 24 milhões de toneladas no ano anterior.

De um fornecedor complementar de milho, o Brasil passou a ser um ator importante, disse Tarso Veloso, analista da consultoria com sede em Chicago.

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