Na agropecuária, três ministérios (ou até quatro) vão se cruzar em terreno movediço
Ainda que restem ministérios importantes dos 16 que faltam para compor a Esplanada de Brasília no governo Lula, como o do Planejamento e Orçamento, três pastas que faltam ser anunciadas carregam um denominador comum: suas políticas e programas vão cruzar o caminho da agricultura e pecuária.
Fora o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por óbvio o mais direto, a recriação do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o do Meio Ambiente (MMA) vão transitar em um terreno movediço.
Por fora, ainda haverá o Ministério dos Povos Originários (MPO).
Salvo surpresas de última hora, os nomes que deverão ser conhecidos amanhã devem ser os do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), para o primeiro, de Marina Silva, que retorna ao MMA – após as últimas informações quanto à nomeação de Simone Tebet para outra casa -, e o de Edegar Pretto, petista que foi candidato ao governo gaúcho nas últimas eleições.
O ministério da Agricultura e Pecuária foi desmembrado com a retomada da pasta que vai tratar de temas sensíveis com assentamentos e reforma agrária, com potencial de criar dificuldades políticas para Fávaro, no enquadramento do agronegócio avesso a qualquer coisa que venha dessa agenda.
O MDA também cuidará da agricultura familiar, que acabará transgredindo em programas que deveriam ser comuns para todo o conjunto do setor, fora a dotação orçamentária exclusiva do Plano Safra.
Já o Meio Ambiente vai demandar uma agenda de políticas de maior interesse da agropecuária, uma vez que o combate às ocupações e desmatamentos já está delimitado nas intenções declaradas do governo eleito para o Centro-Oeste e Norte. Tema também explosivo.
Certamente vai acompanhar e cobrar do Mapa o enquadramento de programas e recursos que atendam a sustentabilidade, numa linha fina no qual os produtores vão sempre discutir o que é legal e o que é ilegal, colocando em dúvida a intenção do MMA em criar mais dificuldades para o setor.
Por fim, o Ministério dos Povos Originários também acabará cutucando o agronegócio, na medida em que as demarcações e controle das terras indígenas são alvos de críticas, inclusive com o apoio dado pelo governo Bolsonaro de paralisar os programas. O MPI também deverá defender a desocupação de terras que hoje estão arrendadas aos produtores em várias reservas do Mato Grosso.