Mundo está menos “sobrevendido” em Brasil, aponta Morgan Stanley
“Cuidado com os presentes dovish do Fed”. Esta é a frase que inicia relatório do Comitê de Investimento Global da área de Wealth Management do Morgan Stanley, discorrendo sobre a mudança na postura do Federal Reserve e pela presença de riscos assimétricos a serem enfrentados pelos investidores.
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Para o banco, o Fed aparentemente guia as expectativas de inflação para cima e, sem elevar o juro básico, “pode estar exagerando na sua mão”. Se houver mais cautela na postura da autoridade monetária a frente, pode significar a visualização de uma recessão na economia norte-americana, ainda não precificada nos mercados, segundo o Morgan Stanley.
Por sua vez, caso haja surpresa ascendente na inflação ou sinais de fortalecimento dentro do mercado de trabalho, o que pode levar a aumento na Fed Funds Rate, os yields dos Treasuries subirão, comprimindo as relações de P/L (Preço sobre Lucro) mais uma vez, de acordo com o comitê do Wealth Management.
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“Considere adicionar ouro e ativos reais como TIPS (Treasury Inflation-Protected Security) como amortecedor contra os mercados acionário e de renda fixa, que provavelmente vão ficar mais caros, e como hedge contra a inflação, que agora aparece como o objetivo do Fed”, afirma o banco norte-americano.
O Morgan Stanley se mostra preocupado sobre a política monetária norte-americana, ao avaliar que o FOMC (Federal Open Market Committee) pode ter sido sistematicamente muito otimista em relação a taxa neutra de crescimento e a inflação de longo prazo. “Podemos ter chegado ao ponto no qual a postura cautelosa do Federal Reserve não é mais notícia boa, mas sim ruim”.
Múltiplos de emergentes ainda mais baixos
Na renda variável, destaque para os mercados emergentes, com P/L (Preço/Lucro) inferior aos mercados desenvolvidos atualmente, na relação de 12,1 vezes – leve aumento frente a relação de 12 vezes na última semana. Em comparação, os P/L dos índices S&P 500 e MSCI AC World estão atualmente na casa de 16,3 vezes e 14,7 vezes, respectivamente.
Em relação aos setores do S&P 500, os múltiplos mais atrativos são os do setor financeiro, com P/L de 11,1 vezes para 12 meses, ante relação de 11,6 vezes na semana anterior. Por sua vez, o setor com o múltiplo mais esticado é o de “Consumer Discretionary”, na casa de 20,4 vezes – ante 20,2 vezes na projeção anterior.
Brasil em tendência de melhora
Em relação as variáveis macroeconômicas e o momentum das mesmas, o Morgan Stanley lista recomendações para o País. Na comparação com a última semana, o comitê de investimentos enxerga tendência de melhora na trajetória da inflação, com expectativa descendente. A projeção de liquidez do mercado como um todo é positiva, com projeção de ascendência.
No entanto, a principal mudança em relação a semana anterior é a constatação de que os “fundamentos técnicos encontram-se em tendência de melhora”, com a confiança dos investidores tornando-se mais “bullish”. Eles citam a melhora no indicador RSI (Relative Strength Index), que indica uma menor indicação de posição “sobrevendida” ao Brasil.
O banco manteve a visão de que a “estabilidade política dá suporte à recuperação”, enxerga aceleração do crescimento econômico, enxerga curva de juros em níveis normais e com tendência de “flattening” e permanece acreditando que ativos de risco estão altamente avaliados, com as expectativas de lucros “anêmica”, com expectativa de piora.