Multiplan recupera patamares pré-Covid, mas não o valor da ação; hora de comprar?
A Multiplan (MULT3) mostrou que a recuperação, pelo menos para o setor de shoppings, continua a pleno vapor.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 99,4 milhões, queda de 82,5%. Porém, o número é explicado pela venda do empreendimento Diamond Tower em julho de 2020. Sem esse efeito, a companhia teria dobrado o lucro.
Analistas destacam que a Multiplan dá sinais claros de que já está em ritmo de pré-pandemia: oito dos 19 shoppings da sua carteira já registraram vendas de lojistas mais altas do que no terceiro trimestre de 2019.
Os destaques positivos foram Village Mall no RJ (+26%), Maceió (+22%) e Barigui em Curitiba (+9%), enquanto os ativos atrasados foram Vila Olímpia em SP (vendas -49% vs. 2019).
As vendas estão agora 10% acima do pré-Covid (em outubro), enquanto as receitas de aluguel aumentaram 20% ante o ano retrasado.
Já a inadimplência líquida caiu para 3,9% no terceiro trimestre, o mais baixo desde o início da pandemia.
“Apesar da sólida melhoria do aluguel devido à eliminação dos descontos, a inadimplência ainda assim diminuiu no trimestre em um sólido -1,80 p.p. e -3,30 p.p. no comparativo anual, para 3,9%”, lembra a Ágora Investimentos.
Além disso, a corretora destaca que os principais números indicam que 2021 poderia ultrapassar os níveis de 2019 (por exemplo, aluguéis, FFO), “sugerindo um potencial de alta em relação à nossa estimativa original de final de 2021 para os aluguéis corresponder ao final de 2019”.
Mesmo com toda essa recuperação, no entanto, as ações estão longe dos patamares pré-pandêmicos, que giravam em torno de R$ 35.
“Como tal, reafirmamos nossa recomendação de compra para o papel e seu lugar entre nossas Top Picks na cobertura listada dos shoppings, já que as ações estão sendo negociadas a 12,4x P/FFO 2022e e 8,5% TIR real, com o preço das ações próximo ao pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil (impactado pelas taxas de juros de longo prazo), apesar da visibilidade significativamente melhor para o setor”, completam os analistas Bruno Mendonça e Wellington Lourenço.
Números robustos
O Inter Research lembra que mesmo com resultado mais forte nas receitas de locação e custo de ocupação elevado, a companhia registrou avanço na taxa de ocupação e diminuição na inadimplência, o que trouxe seu montante de recebíveis para patamares estáveis.
“Com eficiência nas margens em linha, a companhia encerrou o período com robustos resultados e reafirmou a qualidade do seu portfólio”, completa.
O analista Gustavo Caetano também destaca que apesar de uma maior deterioração nas despesas comerciais, a companhia demonstrou melhor eficiência nas despesas de sede e de propriedade.
Para a XP, a receita de R$ 322 milhões ficou 11% acima das expectativas, assim como o Ebitda e lucro líquido.
“As taxas de ocupação aumentaram significativamente para 95,2%, com volume de negócios recorde devido à forte demanda dos inquilinos”, diz.
Segundo o Itaú BBA, a empresa divulgou um forte conjunto de números de perdas e ganhos, superando as estimativas, principalmente devido à cobrança de aluguel mais forte do que o esperado e provisões mais baixas.
Dá para entregar mais
Os analistas do Credit Suisse observam que o fluxo de clientes ainda não se recuperou totalmente, sendo que os eventos seguem proibidos, o que significa que os resultados devem ser ainda mais fortes daqui para frente.
“Com as vendas se recuperando em ritmo acelerado, a empresa conseguirá repassar a inflação com atraso que havia sido descontada anteriormente e, dada a qualidade do portfólio da Multiplan e a perspectiva positiva das festas deste ano, a empresa parece bem posicionada para seguir em frente com esta estratégia”, apontam.
O Bank of America também vai na mesma linha e diz que as receitas continuarão a melhorar no final do ano, já que as atividades de entretenimento e dependentes do tráfego (cinemas e praça de alimentação) provavelmente recebem grandes descontos de restrições ainda em vigor durante o terceiro trimestre.