Internacional

Multinacional Marfrig ganha com a carne dos EUA na China; frigoríficos menores serão prejudicados

21 fev 2020, 15:05 - atualizado em 21 fev 2020, 15:10
Carnes Commodities
Competição na carne bovina vai ser maior no mercado chinês (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Certamente muitos produtores de boi vão deduzir que a Marfrig (MRFG3) esteja apenas pressionando para a queda do preço da @, com o comentário de seu presidente advertindo para a maior concorrência que a carne dos Estados Unidos vai oferecer na China quando esta voltar as compras e exercer seu papel no acordo comercial fechado. Com forte presença produtiva na América, o grupo frigorífico brasileiro, porém, exportará de lá também.

Mas em que pese a capacidade do Brasil oferecer “volume e preço” e a necessidade que o mercado americano terá de se “organizar” para atender o país asiático, Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e pecuarista, não desqualifica o comentário do presidente da segunda maior fornecedora de carne bovina global, Eduardo Miron.

Sebastião Guedes, vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) e até o final de 2019 presidente da Câmara Setorial do Boi, do Mapa, também vai nessa mesma direção. A demanda que a peste suína africana proporcionou, exigindo dos chineses compras maiores de todas as carnes e pagando bem mais caro, estimula o país a ter mais fornecedores concorrendo entre si.

Money Times já vem falando disso desde que os dois gigantes econômicos celebraram a fase 1 do acordo e foi criticado por isso.

Ao menos as condições competitivas oferecidas pelo Brasil atualmente (disponibilidade e valores) atenuarão a pressão da oferta dos produtores do Meio-Oeste e Oeste do país da América do Norte, concorda Camargo Neto, experiente no comércio internacional como ex-negociador de governos anteriores e de entidades de classes de proteína animal.

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Multinacionais brasileiras

Do segundo semestre em diante – desde que o surto do coronavírus permita – a competição dos Estados Unidos na China vai ser maior.

Mas para a Marfrig não será grande problema. Além do peso que possui no mercado interno e com relações solidificadas com os chineses, a empresa é multinacional brasileira nos Estados Unidos. E Miron, na entrevista dada à agência Bloomberg, analisa como um fator positivo.

Como a JBS americana, a maior processadora de carne do mundo, o grupo de Marcos Molina vai levar mais carne americana à China, apesar de que hoje, disse ele, 85% do que é processado lá ficam lá mesmo.

Será uma questão de tempo para se organizar, em linha com o que disse Pedro de Camargo Neto.

Os frigoríficos médios e pequenos brasileiros deverão ser os mais afetados.

“Como dizem no Rio Grande do Sul, aqueles sem filial nos Estados Unidos caberão dançar com as mais feias”, brinca Sebastião Guedes.